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  • Miserrimus
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  • Mas o inverno passou! - De novo assume Virente rama o robe gigantesco, A flor formosa e bela vem brotando, E o sol, rei do horizonte, já rutila Em céu de puro azul-brilhante. Mas quando o desengano, qual tormenta Que por desertos só valente reina, Do quente coração arranca, esmaga Esp'ranças, que o amor enfeitiçava, Em vão a natureza ufana brilha, Em vão de puro orvalho a flor se arreia, Em vão dardeja o sol seus quentes raios, Em vão!... que o coração jaz frio e murcho. E não mais viverá! - que a alma sentida Conhece que o amor é só mentira, Que é mentira o prazer, mentira tudo!
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notas
  • Publicado no livro Primeiros Cantos .
Autor
  • Gonçalves Dias
abstract
  • Mas o inverno passou! - De novo assume Virente rama o robe gigantesco, A flor formosa e bela vem brotando, E o sol, rei do horizonte, já rutila Em céu de puro azul-brilhante. Mas quando o desengano, qual tormenta Que por desertos só valente reina, Do quente coração arranca, esmaga Esp'ranças, que o amor enfeitiçava, Em vão a natureza ufana brilha, Em vão de puro orvalho a flor se arreia, Em vão dardeja o sol seus quentes raios, Em vão!... que o coração jaz frio e murcho. E não mais viverá! - que a alma sentida Conhece que o amor é só mentira, Que é mentira o prazer, mentira tudo! Um dia apareceu um recém-nado, Como a concha que o mar à praia arroja, Cresceu; - qual cresce a planta em terra inculta Que ninguém educou; - a chuva apenas. Infante - viu de roda sepulturas, Em que não atentou; - sonhos mimosos, Acordado ou dormindo, lhe doiravam A infância leve, d'inocência rica. Viu belo o ar, e terra, e céus, e mares, Viu bela a natureza, como a noiva Sorrindo em breve dia de noivado! Então sentiu brotarem na sua alma Sonhos de puro amor, sonhos de glória; Sentiu no peito um mundo de esperanças, Sentiu a força em si - patente o mundo. Forte se levantou! correu fogoso, E qual águia que nas asas se equilibra, Começou a trilhar da vida a senda. Um monte além topou; mais vagaroso Subiu, - vingou mais lento! - Inda mais outro Colossal - descalvado - íngreme e liso, Costeou, mas cansou, que era sozinho! Sentou-se, e mudo, e fraco, é pensativo, À borda do caminho; e sobre o peito A cabeça inclinou, cruzando os braços. Minha mãe! - soluçou; e um eco ao longe Minha mãe! - respondeu. - Sentiu que a fome Dolorosa as entranhas lhe apertava, E sede intensa a ressequir-lhe as fauces; Fome e sede curtiu como num sonho. Do rosto nas maçãs descoloridas - Filtro do coração - sentiu que o pranto Ardente escorregava a tez queimando. Muda era a sua dor, - d'homem que sofre, Que chora isento de vergonha ou crime. Encontrou mais além no seu caminho, Bela na sua dor, sozinha e fraca, Figura virginal que ali jazia. Esqueceu-se de si pensando nela; Nova força criou, - novo incentivo, Coragem nova o seu amor criou-lhe. Lavou-lhe os curtos pés, contra o seu peito Do frio a protegeu, - tomou nos braços A carga tão mimosa! - E ela co'os olhos, Que o amor vendava um pouco, agradecia. E ela pôde viver; - disse que o amava, Que era o seu coração dele - e só dele: - Disse, e mais que uma vez, com peito e lábios No peito e lábios dele; - era mentira! E ele o conheceu! por precipícios Descrido se arrojou, sentindo a morte, Seu berço entre sepulcros procurando. Aqui - ali - além - eram sepulcros; E o nome de sua mãe, sequer não pode Dos nomes conhecer de tantos mortos. E só no seu morrer, qual só na vida, Na terra se estendeu; nem dor, nem pranto Tinha no coração que era já morto! E alguém, que ali passou, vendo um cadáver De sânie e podridão comido e sujo, Co'o pé num fosso o revolveu; - e terra Caída acaso o sepultou p'ra sempre. Amizade! - ilusão que os anos somem; Amor! - um nome só, bem como o nada, A dor no coração, delícias n'alma, Nos lábios o prazer, nos olhos pranto - Tudo é vão, tudo é vão, exceto a morte.
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