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| - Eu amo a doce virgem pensativa, Em cujo rosto a palidez se pinta, Como nos céus a matutina estrela! A dor lhe há desbotado a cor das faces, E o sorriso que lhe roça os lábios Murcha ledo sorrir nos lábios doutrem. Tem um timbre de voz que n'alma ecoa, Tem expressões d'angélica doçura, E a mente do que as ouve, se perfuma De amor profundo e de piedade santa, E exala eflúvios dum odor suave De aloés, de mirra ou de mais grato incenso.
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abstract
| - Eu amo a doce virgem pensativa, Em cujo rosto a palidez se pinta, Como nos céus a matutina estrela! A dor lhe há desbotado a cor das faces, E o sorriso que lhe roça os lábios Murcha ledo sorrir nos lábios doutrem. Tem um timbre de voz que n'alma ecoa, Tem expressões d'angélica doçura, E a mente do que as ouve, se perfuma De amor profundo e de piedade santa, E exala eflúvios dum odor suave De aloés, de mirra ou de mais grato incenso. E nessas horas, quando a mente aflita, De dor oculta remordida, anseia Desabrochar-se em confidência amiga, "Neste mundo o que sou? — triste clamava; "Pérsica envolta em pó, entre ruínas, "Erma e sozinha a resolver-me em pranto! "Flor desbotada em hástea já roída, "De cujo tronco as outras amarelas "Já rojam sobre o pó, já murchas pendem! "É sentir e sofrer a minha vida!" Merencória dizia, erguendo os olhos Aos céus dum claro azul, que lhes sorriam. Nada o mudo alcion por sobre os mares, E próximo a seu fim desata o canto; A rosa do Sarão lá se despenha Nas águas do Jordão: e como a rosa, Como o cisne, do mar entre os perfumes, Aos sons duma Harpa interna ela morria! E como o partor que avista a linda rosa Nas águas da corrente, e como o nauta Que vê, que escuta o cisne ir-se embalado Sobre as águas do mar, cantando a morte; Eu também a segui — a rosa, o cisne, Que lá se foi sumir por clima estranho. E depois que os meus olhos a perderam, Como se perde a estrela em céus infindos, Errei por sobre as ondas do oceano, Sentei-me à sombra das florestas virgens, Procurando apagar a imagem dela, Que tão inteira me ficara n'alma! Embalde aos céus erguendo os olhos turvos Meu astro procurei entre os mais astros, Qu'outrora amiga sina me fadara! Com brilho embaciado e lua incerta Nos ares se perdeu antes do ocaso, Deixando-me sem norte em mar d'angústias.
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