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| - (NO ALBUM DO SEU CONDISCIPULO DR. JOSÉ BERNARDINO) Risum teneatis! E, como o vento do pólo Forte — mas triste, mas frio — Que leva as folhas co'as flores, Como as enchentes do rio. É o nivel da egualdade Desde a rocha até á flor, Desde o amor da virtude 'Té á virtude do amor. Como os remoinhos de pó Que a gente vê, a tremer, Sob-la tarde, nas estradas, Como demonios correr; Como a espuma batida Que a rocha escarra no mar E a onda depois atira, Com escarneo, por esse ár; Como os grôus em debandada Ao partir-se-lhe a cadeia: E o torvelinho que atira No deserto os grãos de areia; Como tudo, emfim, que geme No abraço dos turbilhões E, de olhos postos no inferno, Lança ao céo as maldições: Folhas mortas e flores vivas, Pó da terra e diamantes, Aguas correntes e charcos, Os de perto e os mais distantes; Vozes profundas da terra, Vozes do peito gementes, De envolto as feras bravias Com as aves innocentes; Como as palhas assopradas Depois das malhas, na eira, Ou gottas de agua rolando De alta náo na larga esteira — Tudo partido, enlaçado, Em desesp'rados abraços, Ruindo pelas quebradas, Rolando pelos espaços, Nos paraisos perdidos E — agora — feitos desertos, Como legião de demonios Rugindo infernaes concertos; Tudo vae, se rasga e parte, Como em cidade assaltada, Sob esses tufões gelados Da tormenta — Gargalhada! Das tormentas! Que sem conto São esses ventos de morte; E d'um ao outro horizonte; E d'um modo e d'outra sorte. Os suões do céo humano E os simúns do seu deserto; O que a gente vê ao longe, O que a gente sente ao perto; A gargalhada do sabio, Que se chama... indagação; A gargalhada do sceptico, Que tem nome... negação: A gargalhada do santo, Que tem nome — fé e crença; A gargalhada do impio, Que se chama... indifferença: A gargalhada da historia Que se chama... Revolução: E a gargalhada de Deus, Que tem nome... Escuridão; Eil-as 'hi vêm, as tormentas, De todos os horizontes, Subindo de todos vales, Descendo de todos montes. Eil-as 'hi vêm: já espectros, Já como lavas ruindo: Já nuvem, já mar, já fogo, Mas sempre, sempre cahindo, Desde a França... e são revoltas; Da Allemanha... e são idéas; Desde a America... e são fardos; E da Russia... e são cadeias; De Inglaterra... e são carvões De fumo enchendo os pórtos; Do Oriente... e são os sonhos; E da Italia... Christos mortos; Da Hespanha... e são traições, Á noite, por traz dos brejos, — Mão na faca e mão nas costas — E dê cá... e são bocejos. É d'estes lados que sopram... E são os ventos assim... Levando os cedros do monte Como os lyrios do jardim... Imagem:Separator.jpg É que o rir do leão sempre é rugido — E isto, que sae da bocca tenebrosa Do mundo — e o mundo escuro diz Progresso, E Força, e Vida, e Lei — isto é soluço Que sae do peito condemnado, — e quando Vae a sahir, para illudir o misero, Diz á bocca: «Olha tu como nós rimos»... Mas não é mais que o arranco da agonia! Nem pode ser. — Aquelle riso enorme Quando sae é co'o ruido das tormentas E, como as grandes aguas, vae rolando, E esmaga... e não consola! É como a orgia Que cuidando folgar... se está matando! E como esses que dizem dos rochedos Que brincam com as ondas... quando as partem! Não é o riso bello da Harmonia, É apenas gargalhada de Possessos! Ha dentro d'este mundo algum demonio, Que o obriga a torcer assim a bocca Lá quando mais se agita e mais lhe dóe! Senão, olhae e vêde essa alegria — Quer seja Idéa ou Força ou Arte, ou seja A Industria ou o Prazer — de qualquer lado Que rebente dos labios — vêde como Faz frio a quem a vê! como entristece Vêr o gigante louco dar-se beijos Como em mulher formosa... e ao longe, ao longe Todo o campo alastrado de flôr's mortas! ........................................ ........................................ Mas basta! A luz doirada Um dia hade surgir! E a venda, d'esses olhos, Por fim tambem cahir! E a Gargalhada immensa Fechar a horrivel bocca! E ser canto suave Essa atroada rouca! Então!.................. ........................ ........................ ........................ Alma, que sonhas? Que louco desvairar!... Então!!... Mas — Hoje — esta hora... É toda p'ra chorar! Coimbra, Novembro, 1863.
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