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| - Se com isso estou perdendo A minh´alma transviada, -Minh´alma não vale nada... Eu peco, e não me arrependo. Deste ardor em que me inflamo Direi, para ser sincero, Que dele somente espero Amar-te mais do que te amo. Se rezo, nas minhas preces Só peço a Deus essa graça: Que me conceda e me faça Amar-te quanto mereces. Eu vivo tão descuidado De tudo mais desta vida, Que nem me ocorre, querida, A idéia de ser amado. Amor com o feitio desse Que a si mesmo renuncia, -Como te agradeceria O que eu por ti padecesse!
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abstract
| - Se com isso estou perdendo A minh´alma transviada, -Minh´alma não vale nada... Eu peco, e não me arrependo. Deste ardor em que me inflamo Direi, para ser sincero, Que dele somente espero Amar-te mais do que te amo. Se rezo, nas minhas preces Só peço a Deus essa graça: Que me conceda e me faça Amar-te quanto mereces. Eu vivo tão descuidado De tudo mais desta vida, Que nem me ocorre, querida, A idéia de ser amado. Amor com o feitio desse Que a si mesmo renuncia, -Como te agradeceria O que eu por ti padecesse! Deixa tu, pois que se farte Meu olhar impenitente Todo embebido e contente Da só ventura de olhar-te. Sem razão foras severa Com a pobre de uma roseira Por que ela, queira ou não queira, Dá rosa, se é primavera... Deus, que nos pôs face a face E deu-me os olhos que tenho, Nisso mostrou certo empenho Em que eu te visse - e te amasse. Por força da lei divina E não, decerto, por gosto Quando pousa no teu rosto O meu olhar se ilumina. Perdoa a muda insistência Dos olhos que a ti levanto: Olhar-te é o supremo encanto De toda a minha existência. Olhar-te... Delícia calma! Mar tranquilo e sem escolhos! É o pecado dos meus olhos E a salvação da minh´alma. Confesso-me, nada nego: Amo-te...E nisto de amar-te Só tenho de minha parte A culpa se não ser cego. É meu destino, que queres? Eu te amo por que me encantas -Tu, a mais linda das santas E a mais santa das mulheres. Categoria:Poesia brasileira Categoria:Vicente de Carvalho
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