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| - - I - Poupem-me, quando morto, à sepultura: odeio A cova, escura e fria. Ah! deixem-me acabar alegremente, em meio Da luz, em pleno dia. O meu último sono eu quero assim dormi-lo: — Num largo descampado, Tendo em cima o esplendor do vasto céu tranquilo E a primavera ao lado. Bailem sobre o meu corpo asas trêmulas, asas Palpitando de leve, De insetos de ouro e azul, ou rubros como brasas, Ou claros como neve. De entre moitas em flor, oscilantes na aragem, Úmidas e cheirosas, Espalhando em redor frescuras de folhagem, E perfumes de rosas, - II-
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abstract
| - - I - Poupem-me, quando morto, à sepultura: odeio A cova, escura e fria. Ah! deixem-me acabar alegremente, em meio Da luz, em pleno dia. O meu último sono eu quero assim dormi-lo: — Num largo descampado, Tendo em cima o esplendor do vasto céu tranquilo E a primavera ao lado. Bailem sobre o meu corpo asas trêmulas, asas Palpitando de leve, De insetos de ouro e azul, ou rubros como brasas, Ou claros como neve. De entre moitas em flor, oscilantes na aragem, Úmidas e cheirosas, Espalhando em redor frescuras de folhagem, E perfumes de rosas, Subam, jovializando o ar, canções suaves — A música sonora Em que parece rir a alegria das aves, Encantadas da aurora. E cada flor que um galho acaso dependura À beira dos caminhos Entreabra o seio ao sol, às brisas, à doçura De todos os carinhos. Passe em redor de mim um frêmito de gozo E um calor de desejo, E soe o farfalhar das árvores, moroso Como o rumor de um beijo. Palpite a natureza inteira, bela e amante, Volutuosa e festiva. E tudo vibre e esplenda, e tudo fulja e cante, E tudo sonhe e viva. A sepultura é noite onde rasteja o verme... Ó luz que eu tanto adoro, Amortalha-me tu! E possa eu desfazer-me No ar claro e sonoro! - II-
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