About: dbkwik:resource/4V4umxZH3-pT3HnVwXpx0g==   Sponge Permalink

An Entity of Type : owl:Thing, within Data Space : 134.155.108.49:8890 associated with source dataset(s)

AttributesValues
rdfs:label
  • A Divina Comédia/Purgatório/XXXII
rdfs:comment
  • Quase murada a vista se imergia No santo riso ao mais indiferente, E nos laços de outrora me prendia. Desse êxtase arrancou-me de repente A voz das santas, que da esquerda soa: — “Demais contemplativa tens a mente!” — Os ofuscados olhos me nevoa Torvação semelhante ao vivo efeito, Que do sol causa a face em quem fitou-a. Mas quando à pouco luz estive afeito (Pouca em confronto ao lume deslumbrante, Que por força deixara e a meu despeito), Vi que à destra volvia o triunfante Exército celeste à frente estando Os candelabros sete e o sol flamante. A prostituta e o novo monstro infando.
dcterms:subject
dbkwik:resource/RQXmPcyd2wFf2CmVCz207g==
Anterior
dbkwik:resource/cM_y6H5k1ZIA8kvcEIRd6w==
dbkwik:resource/mXsIHpQBpCrIYMUKpGBFZg==
  • Purgatório, Canto XXXII
dbkwik:pt.poesia/p...iPageUsesTemplate
dbkwik:resource/_dawy2HhDpdgPNANiyGL2Q==
  • por Dante Alighieri, tradução de José Pedro Xavier Pinheiro
abstract
  • Quase murada a vista se imergia No santo riso ao mais indiferente, E nos laços de outrora me prendia. Desse êxtase arrancou-me de repente A voz das santas, que da esquerda soa: — “Demais contemplativa tens a mente!” — Os ofuscados olhos me nevoa Torvação semelhante ao vivo efeito, Que do sol causa a face em quem fitou-a. Mas quando à pouco luz estive afeito (Pouca em confronto ao lume deslumbrante, Que por força deixara e a meu despeito), Vi que à destra volvia o triunfante Exército celeste à frente estando Os candelabros sete e o sol flamante. Qual hoste a se salvar broquéis alçando, Se volta, e co?a bandeira não prossegue Senão mudada a direção, girando; A celeste milícia avante segue, Na marcha procedendo desfilava Antes que o santo carro a volver chegue. Cada coréia as rodas escoltava, E o Grifo a carga santa removia Sem parecer que as penas agitava. Quem pelo rio me arrastado havia, Estácio e eu a roda acompanhamos, Que por arco menor volta fazia. Na alta floresta caminhando vamos, Erma por culpa da que a serpe ouvira: Pelo cântico os passos regulamos. Andáramos espaço que medira Uma seta três vezes disparada: Desceu Beatriz do carro, em que eu a vira. “Adam!” — disse em murmúrio a grei sagrada, Todos depois uma árvore cercaram, De folhas e de flores despojada. Tanto aos lados seus ramos se alargaram, Quanto erguiam-se ao céu: como portento índios nas selvas suas os mostrariam. “Ó Grifo! Glória a ti! De culpa isento, Não provaste do lenho doce ao gosto, Que tanta dor causou, tão cru tormento!” — Daquele tronco excelso em torno posto, Diz o préstito; e o Grifo lhe contesta: — “Assim justiça é sempre no seu posto.” — E ao carro que tirara na floresta, Voltou-se e o conduziu ao tronco anoso: Dele foi parte, a ele atado resta. Quando o astro rebrilha poderoso, Juntando os seus clarões aos que desprende, Depois do Peixe o signo luminoso, Brotando as plantas cada qual resplende De esmalte novo, e ainda de outra estrela Abaixo os seus frisões o sol não prende: Súbito assim refloresceu aquela Árvore nua, gradações formando Entre rosa e violeta em cópia bela. Então de um hino as notas escutando, Quais nunca sobre a terra se cantaram, Não pude resistir a som tão brando. Se eu narrasse como olhos se fecharam De Argo impiedosos, de Sírius ao conto Que o seu nímio velar caro pagaram, Pintor, tirara ao natural e em ponto O sono em que engolfei-me docemente; Mas faça-o quem nessa arte forma pronto! Passo ao momento em que espertou-se a mente: Fulgor ao sono intenso o véu rompia, — “Eia! que fazes?” — ouço incontinênti. Quais vendo que de flores se cobria O linho cujo pomo apetecido Na boda eterna os anjos extasia, João, Pedro e Tiago ao seu sentido, Depois da prostração à voz tornaram, Que sono inda maior tinha vencido, E a companhia decrescida acharam De Elias e Moisés enquanto as cores Sobre a estola do Mestre se mudaram: Tal despertei da luz aos esplendores, Vi perto a dama que me fora guia Do rio à margem sobre a relva e as flores. — “Onde é Beatriz?” — cuidoso lhe dizia. — “Da fronde nova à sombra a vês sentada, Junto à raiz” — Matilde respondia. “Da companhia sua é rodeada; Ao céu após o Grifo os mais subiram, Com mais doce canção, mais sublimada.” — Não sei se as vozes suas prosseguiram Pois aquela aos meus olhos se mostrara, Em quem meus pensamentos se imergiram. Sobre a terra bendita se assentara, Só, como em guarda ao plaustro portentoso, Que ao tronco antigo o Grifo vinculara. Rodeiam-na, com círculo formoso, As ninfas sete, os lumes empunhando, Seguros de Austro e de Aquilão ruidoso. — “Na selva a tua estada abreviando, Serás comigo na eternal morada Da Roma, onde tem Cristo o régio mando. “Do mundo em prol, perdido em rota errada, O carro observa e cada cousa atento Guarda, por ser ao mundo registrada.” — Falou Beatriz; e eu, pois, que o entendimento Do seu querer aos pés tinha prostrado, Fitei no carro a vista e o pensamento. Dos etéreos confins arremessado, Não rasga o raio à densa nuve, o seio, Com tanta rapidez precipitado, Como da alta ramada pelo meio, Córtice fronde, flores destruindo, O pássaro de Jove irado veio. Com força imane o carro foi ferindo, Que aos golpes, qual navio, se agitava, Que o mar combate os bordos lhe investindo. E logo após eu vi que se enviava Ao carro triunfal uma raposa, Que bom cibo não ter manifestava. Increpando-lhe a vida criminosa, Beatriz pô-la em fuga, e em tanta pressa, Quanto sofreu-lhe a ossada cavernosa. Depois do carro à caixa a Águia se apressa A vir por onde, há pouco, descendera; De inçar de plumas seus coxins não cessa. Qual gemido que a dor no peito gera, Ouvi do céu baixar voz, que dizia: — “Ó barca! bem má carga ora se onera!” — A terra então me pareceu se abria, Entre as rodas um drago arrevessando Que pelo carro a cauda introduzia. Depois a cauda atroce retirando, Qual vespa o seu ferrão, feita a ferida, Arranca o fundo e vai-se coleando. Como em terra vivaz relva crescida, Cobre o resto plumagem de repente, Com tenção casta e pura oferecida; Timão e rodas vestem-se igualmente Tão presto, que um suspiro vem lançado À flor dos lábios menos prontamente. Daquele plaustro santo, assim mudado, Nos ângulos cabeças irromperam, Três no timão e uma em cada lado. Essas, como as de boi, armadas eram; Uma só ponta as quatro guarnecia: Monstros iguais já nunca apareceram. Qual penhasco em montanha excelsa, eu via No carro nua meretriz sentada, Lascivos olhos em redor volvia. Como para não ser-lhe arrebatada Em pé ao lado seu stava um gigante, Com quem trocava beijos despejada. Que os olhos requebrava a torpe amante Pra mim notando, fero a flagelava Dos pés a fronte o barregão farfante. No ciúme e na ira, que o inflamava Desprende o carro e à selva o vai tirando, Que depressa aos meus olhos ocultava A prostituta e o novo monstro infando.
is Anterior of
is dbkwik:resource/cM_y6H5k1ZIA8kvcEIRd6w== of
Alternative Linked Data Views: ODE     Raw Data in: CXML | CSV | RDF ( N-Triples N3/Turtle JSON XML ) | OData ( Atom JSON ) | Microdata ( JSON HTML) | JSON-LD    About   
This material is Open Knowledge   W3C Semantic Web Technology [RDF Data] Valid XHTML + RDFa
OpenLink Virtuoso version 07.20.3217, on Linux (x86_64-pc-linux-gnu), Standard Edition
Data on this page belongs to its respective rights holders.
Virtuoso Faceted Browser Copyright © 2009-2012 OpenLink Software