About: dbkwik:resource/4n0PV2WDBdAXmk8PzYxWmg==   Sponge Permalink

An Entity of Type : owl:Thing, within Data Space : 134.155.108.49:8890 associated with source dataset(s)

AttributesValues
rdfs:label
  • A Divina Comédia/Inferno/XXV
rdfs:comment
  • Serpes me foram desde então amigas: Porque logo uma ao colo se enroscava, Como a dizer: — “Não quero que prossigas!” Tolhendo-lhe outra os braços, se enlaçava Diante sobre o peito, e o movimento Com rebatido vínculo atalhava. Ah! Pistóia! ah! Pistóia! o incendimento Teu decreto, extinguido nome impuro, Pois dás da extirpe tua ao vício aumento! Tão soberbo não vi no abismo escuro, Contra Deus outro esp’rito; nem o ousado, Que de Tebas caiu morto do muro. Sem mais dizer fugira o condenado. Eis rábido centauro vi correndo A gritar: — “onde está o celerado?” Deu-te o outro, Gavili, dor pungente.
dcterms:subject
dbkwik:resource/RQXmPcyd2wFf2CmVCz207g==
Anterior
dbkwik:resource/cM_y6H5k1ZIA8kvcEIRd6w==
dbkwik:resource/mXsIHpQBpCrIYMUKpGBFZg==
  • Inferno, Canto XXV
dbkwik:pt.poesia/p...iPageUsesTemplate
dbkwik:resource/_dawy2HhDpdgPNANiyGL2Q==
  • por Dante Alighieri, tradução de José Pedro Xavier Pinheiro
abstract
  • Serpes me foram desde então amigas: Porque logo uma ao colo se enroscava, Como a dizer: — “Não quero que prossigas!” Tolhendo-lhe outra os braços, se enlaçava Diante sobre o peito, e o movimento Com rebatido vínculo atalhava. Ah! Pistóia! ah! Pistóia! o incendimento Teu decreto, extinguido nome impuro, Pois dás da extirpe tua ao vício aumento! Tão soberbo não vi no abismo escuro, Contra Deus outro esp’rito; nem o ousado, Que de Tebas caiu morto do muro. Sem mais dizer fugira o condenado. Eis rábido centauro vi correndo A gritar: — “onde está o celerado?” Nem tem Marema de répteis horrendo Bando igual ao que o dorso carregava Té onde a humana forma está-se vendo. Na espádua, abaixo da cerviz pousava, As asas estendendo, atroce drago, Que fogo a quanto encontra arrevessava. “É Caco” — o Mestre diz — “que a imane estrago Afeito do Aventino se aprazia, Sob as penhas, de sangue em fazer lago. “Dos seus irmãos não segue a companhia, Por haver depredado, fraudulento, Armentio, que próximo pascia. “Tiveram fim seus crimes: golpes cento Sobre ele desfechou de Alcide a clava: Aos dez perdera já a vida o alento”. — Foi-se o centauro enquanto assim falava. Abaixo eis três espíritos chegando, Nos quais nenhum de nós inda atentava, “Quem sois?” — romperam súbito bradando. A Narração então suspende o Guia; E só deles curamos, escutando. Nenhum dessa companha eu conhecia; Mas então, como às vezes acontece, Um, chamando por outro, assim dizia: “Onde é Cianfa, que assim desaparece?” Dedo nos lábios fiz nesse momento A Virgílio sinal, por que atendesse. Em crer o que eu contar se fores lento, Não há de ser, leitor, para estranhado; Quase o que eu vi descrê meu pensamento. Quando eu dos três a vista era engolfado, Sobre seis pés se via uma serpente Contra um deles e o tem todo enlaçado. Abraçam-lhe os do meio rijamente O ventre; aos braços aos de cima rendem, Ambas as faces morde-lhe furente. Os de baixo nas coxas já se estendem, Interpondo-se a cauda, que, subindo Por detrás, voltas dá que os rins lhe prendem. Hera, de árvores os ramos recingindo. Não os enleia tanto, como a fera Alheios membros ao seu corpo unindo. Fundiram-se depois, de quente cera Com feitos; travando as suas cores, Um nem outro parece o que antes era: Como em papel, do fogo ante os ardores Procede escura cor; inda não sendo Negro, vão fenecendo os seus albores. Os dois, a maravilha percebendo, Gritavam-lhe: — “Ai! Agnel, quanto hás mudado! Um já não és mas dois ser não podendo!” Numa cabeça as duas se hão tornado; Confundidos estavam dois semblantes Num rosto, em que se haviam misturado. São dois os braços, que eram quatro de antes, Foram coxas e pernas, ventre e peito Membros, que nunca hão tido semelhantes. Perdeu-se assim todo o primeiro aspeito; Seres dois e nenhum nessa figura Se via; e o montro foi-se a passo estreito. Quando o fervor canicular se apura, Cruza o lagarto, como o raio, a estrada, E uma mouta deixando, outra procura. Tal menor serpe, lívida, inflamada. Negrejando, qual bago de pimenta, Aos outros dois se arroja acelerada. E na parte, por onde se alimenta Primeiro a vida nossa, um dos dois fere E ante ele tomba em queda violenta. Olha o ferido, mas nem voz profere; E sobre os pés imóvel bocejava, Como quem sono prenda ou febre onere. Fitava olhos na serpe, e esta o encarava; A chaga de um eu via, do outro a boca Fumegar; e o seu fumo se encontrava. Emudeça Lucano, quando toca Em Sabelo infeliz mais em Nascídio Escute: mor portento ora se evoca. De Cadmo e Aretusa cale Ovídio: Se fonte a esta, àquela fez serpente, Não o invejo: aqui há pior excídio, Não converteu dois seres frente a frente, Tanto que permutasse formas duas Sua própria matéria de repente. Desta sorte compõem-se as partes suas: A cauda à serpe fende-se em forquilha, Cerra o ferido em uma as plantas nuas. Tal prisão coxas, pernas envencilha Que em breve nem vestígio há de juntura, Sinal, ou numa ou noutra, de partilha. Fendida a cauda assume essa figura Que perde o homem; numa é tão macia A pele, quanto noutro fez-se dura. Entrar os braços nas axilas via; Tanto estendia os curtos pés a fera, Quanto o outro os seus braços encolhia. Os pés o drago extremos retorcera, Na parte, que se esconde, se mudando, Que em duas no mesquinho se fendera. Enquanto o fumo os dois ia velando De nova cor e a serpe o pêlo empresta, Que em todo perde o pecador nefando, Ergue-se um, cai o outro e no chão resta, Os ímpios olhos sem torcer, que viram Dos gestos seus a conversão funesta. Ao que era em pé às frontes lhe subiram Do rosto as sobras: cada face afeita Uma orelha, de duas, que saíram. Quanto de mais ficara então se ajeita, O nariz conformando-lhe na cara E de lábios lhe ornando a boca estreita, A beiça o que jazia dilatara; Qual caramujo, que as antenas cerra, À cabeça as orelhas retirara. A língua unida e no falar não perra Partiu-se, enquanto a do outro, forquilhada, Uniu-se; o fumo desde então se encerra. Essa alma, que em réptil era mudada, Pelo vale arremete sibilando, Falando, a outra escarra e a segue irada. Depois, seu novo dorso lhe voltando, Disse à terceira sombra: “Corra o Buoso, Como eu, por esta senda rastejando”. Assim vi no antro sétimo espantoso Mútuas transformações: tanta estranheza Desculpe o canto rude e descuidoso. Posto empanar dos olhos a clareza E entrar o assombro no ânimo eu sentisse, Não fugiram com tanta sutileza, Nem tão prestes que eu bem não discernisse Puccio Sciancato, que dos três somente Fora o que transmudado se não visse, Deu-te o outro, Gavili, dor pungente.
is Anterior of
is dbkwik:resource/cM_y6H5k1ZIA8kvcEIRd6w== of
Alternative Linked Data Views: ODE     Raw Data in: CXML | CSV | RDF ( N-Triples N3/Turtle JSON XML ) | OData ( Atom JSON ) | Microdata ( JSON HTML) | JSON-LD    About   
This material is Open Knowledge   W3C Semantic Web Technology [RDF Data] Valid XHTML + RDFa
OpenLink Virtuoso version 07.20.3217, on Linux (x86_64-pc-linux-gnu), Standard Edition
Data on this page belongs to its respective rights holders.
Virtuoso Faceted Browser Copyright © 2009-2012 OpenLink Software