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| - As faces vão perdendo as vivas cores, E vão-se sobre os ossos enrugando, Vai fugindo a viveza dos meus olhos; Tudo se vai mudando. Se quero levantar-me, as costas vergam; As forças dos meus membros já se gastam, Vou a dar ela casa uns curtos passos, Pesam-me os pés, e arrastam. Se algum dia me vires destas sorte, Vê que assim me não pôs a mão dos anos: Os trabalhos, Marília, os sentimentos, Fazem os mesmos danos. Mal te vir, me dará em poucos dias A minha mocidade o doce gosto; Verás burnir-se a pele, o corpo encher-se, Voltar a cor ao rosto.
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abstract
| - As faces vão perdendo as vivas cores, E vão-se sobre os ossos enrugando, Vai fugindo a viveza dos meus olhos; Tudo se vai mudando. Se quero levantar-me, as costas vergam; As forças dos meus membros já se gastam, Vou a dar ela casa uns curtos passos, Pesam-me os pés, e arrastam. Se algum dia me vires destas sorte, Vê que assim me não pôs a mão dos anos: Os trabalhos, Marília, os sentimentos, Fazem os mesmos danos. Mal te vir, me dará em poucos dias A minha mocidade o doce gosto; Verás burnir-se a pele, o corpo encher-se, Voltar a cor ao rosto. No calmoso Verão as plantas secam; Na Primavera, que os mortais encanta, Apenas cai do Céu o fresco orvalho, Verdeja logo a planta. A doença deforma a quem padece; Mas logo que a doença faz seu termo, Torna, Marília, a ser quem era dantes, O definhado enfermo. Supõe-me qual doente, ou mal a planta, No meio da desgraça, que me altera; Eu também te suponho qual saúde, Ou qual a Primavera. Se dão esses teus meigos, vivos olhos Aos mesmos Astros luz, e vida às flores, Que efeitos não farão, em quem por eles Sempre morreu de amores?
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