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| - Enquanto, Elvira, se oculta A meus olhos teu semblante, Um minuto, um breve instante Parece que fim não tem. Se alcanço de ver-te a glória, Então voa o tempo bem. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, É só por motivo seu. Quando te ris por acaso Para outro qualquer sujeito, Estala dentro do peito De ciúme o coração; Se me pões os olhos, julgo Que zombas de mim então. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, É só por motivo seu.
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abstract
| - Enquanto, Elvira, se oculta A meus olhos teu semblante, Um minuto, um breve instante Parece que fim não tem. Se alcanço de ver-te a glória, Então voa o tempo bem. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, É só por motivo seu. Quando te ris por acaso Para outro qualquer sujeito, Estala dentro do peito De ciúme o coração; Se me pões os olhos, julgo Que zombas de mim então. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, É só por motivo seu. Quando há brinco na floresta, E a divina Olaia canta, O mesmo gado levanta A cabeça para ouvir. Só por mais que Alceu forceje Não pode o prazer fingir. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, É só por motivo seu. Quando levo à clara fonte O rebanho do meu gado, Cai-me da mão o cajado, E com ela à testa vou: Fico pasmado, e ignoro O lugar aonde estou. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, É só por motivo seu. Quando eu vou segar o trigo, (Olha bem como ando cego!) Numa parte nele pego, Meto noutra a fouce em vão; Dos que vêem, alguns se riem, Outros mostram compaixão. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, É só por motivo seu. Quando me deito no colmo, Sempre sonho que te vejo, Que. te falo, e que te beijo A branca, nevada mão. Acordo, Pastora, e foges: E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, É só por motivo seu. Quando alguém meu mal pergunta, Bem que seja a vez primeira, Rompo, ainda que não queira, O segredo, sem saber: O teu nome, Elvira, digo, Quando devo o seu dizer. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, É só por motivo seu. Fujo ao trato dos pastores, Para um bosque me retiro; Com desafogo suspiro, E chamo por ti, meu bem. Os vales, que se enternecem, Chamam-te ao longe também. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, É só por motivo seu. Quando escuto o triste mocho A gemer no meu telhado, Qualquer mal excogitado Não me deve algum temor: Só receio que me agoure Mau sucesso ao meu amor. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, E só por motivo seu. Os pastores que me avistavam, Com o dedo já me apontavam, E à roda do fogo contam Da maneira de que me vêem. Sou o exemplo dos amantes Que esta nossa Aldeia tem. E talvez, talvez que Elvira Nem se lembre de que Alceu, Se suspira, Se delira, É só por motivo seu.
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