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| - Nos meus quinze anos eu sofria tanto! Agora enfim meu padecer descansa... Minh'alma emudeceu, na noite dela Adormeceu a pálida esperança! Já não sinto ambições e se esvaíram As vagas formas, a visão confusa De meus dias de amor, nem doces voltam Os sons aéreos da divina Musa! Porventura é melhor as brandas fibras Embotadas sentir nessa dormência... E viver esta vida... e na modorra Repousar-se na sombra da existência! E que noites de sôfrego desejo! Que pressentir de uma volúpia ardente! Que noites de esperança e desespero! E que fogo no sangue incandescente! Minh'alma juvenil era uma lira Que ao menor bafejar estremecia... A triste decepção rompeu-lhe as cordas... Só vibra num prelúdio d'agonia! Quanto, quanto sonhei! como velava Cheio de febre, ansioso de ternuras! Como era virgem o meu lábio ardente! A alma tão santa! as emoções tão puras! Como o peito sedento palpitava Ao roçar de um vestido, à voz divina De uma pálida virgem! ao murmúrio De uns passos de mulher pela campina! E como t'esperei, anjo dos sonhos, Ideal de mulher que me sorrias, E me beijando nesta fronte pálida A um mundo belo de ilusões me erguias! O meu peito era um eco de murmúrios... De delírio vivi como os insanos! Nos meus quinze anos eu sofria tanto! Ardi ao fogo dos primeiros anos! Agora vivo no deserto d'alma... Um mundo de saudade ali dormita... Não o quero acordar... oh! não ressurjam Aquelas sombras na minh'alma aflita! Mas por que volves os teus olhos negros Tão langues sobre mim? Ilná, suspiras? Por que derramas tanto amor nos olhos? Eu não posso te amar e tu deliras. Também a aurora tem neblina e sombras, E há vozes que emudece a desventura, Há flores em botão que se desfolham, E a alma também morre prematura. Repousa no meu peito o meu passado, Minh'alma adormeceu por um momento... Sou a flor sem perfume em sol d'inverno... Uma lousa que encerra? — o esquecimento!... Não me fales de amor... um teu suspiro Tantos sonhos no peito me desperta!... Sinto-me reviver e como outrora Beijo tremendo uma visão incerta... Ah! quando as belas esperanças murcham E o gênio dorme e a vida desencanta, D'almas estéreis a ironia amarga E a morte sobre os sonhos se levanta... Embora fundo o sono do descrido E o silêncio do peito e seu retiro... Inda pode inflamar muitos amores O sussurro de um lânguido suspiro!
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