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  • Rosa no mar!
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  • Por uma praia arenosa, Vagarosa Divagava uma Donzela; Dá largas ao pensamento. Brinca o vento Nos soltos cabelos dela. Leve ruga no semblante Vem num instante, Que noutro instante se alisa; Mais veloz que a sua idéia Não volteia, Não gira, não foge a brisa. No virginal devaneio Arfa o seio, Pranto ao riso se mistura; Doce rir dos céus encanto, Leve pranto, Que amargo não é, nem dura. Nesse lugar solitário, — Seu fadário. — De ver o mar se recreia; De o ver, à tarde, dormente, Docemente Suspirar na branca areia.
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  • Rosa no mar!
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Autor
  • Gonçalves Dias
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  • Por uma praia arenosa, Vagarosa Divagava uma Donzela; Dá largas ao pensamento. Brinca o vento Nos soltos cabelos dela. Leve ruga no semblante Vem num instante, Que noutro instante se alisa; Mais veloz que a sua idéia Não volteia, Não gira, não foge a brisa. No virginal devaneio Arfa o seio, Pranto ao riso se mistura; Doce rir dos céus encanto, Leve pranto, Que amargo não é, nem dura. Nesse lugar solitário, — Seu fadário. — De ver o mar se recreia; De o ver, à tarde, dormente, Docemente Suspirar na branca areia. Agora, qual sempre usava, Divagava Em seu pensar embebida; Tinha no seio uma rosa Melindrosa, De verde musgo vestida. Ia a virgem descuidosa, Quando a rosa Do seio no chão lhe cai: Vem um'onda bonançosa, Qu’impiedosa A flor consigo retrai. A meiga flor sobrenada; De agastada, A virge' a não quer deixar! Bóia a flor; a virgem bela, Vai trás ela, Rente, rente — à beira-mar. Vem a onda bonançosa, Vem a rosa; Foge a onda, a flor também. Se a onda foge, a donzela Vai sobre ela! Mas foge, se a onda vem. Muitas vezes enganada, De enfadada Não quer deixar de insistir; Das vagas menos se espanta, Nem com tanta Presteza lhes quer fugir. Nisto o mar que se encapela A virgem bela Recolhe e leva consigo; Tão falaz em calmaria, Como a fria Polidez de um falso amigo. Nas águas alguns instantes, Flutuantes Nadaram brancos vestidos: Logo o mar todo bonança, A praia cansa Com monótonos latidos. Um doce nome querido Foi ouvido, Ia a noite em mais de meia: Toda a praia perlustraram, Nem acharam Mais que a flor na branca areia.
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