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| - Arrastem pois os outros muito embora Cadeias nas bigornas trabalhadas Com pesados martelos: Eu tenho as minhas mão ao carro atadas Com duros ferros não, com fios d'ouro, Que são os teus cabelos. Oculto nos teus meigos vivos olhos Cupido a tudo faz tirana guerra: Sacode a seta ardente; E sendo despedida cá da terra, As nuvens rompe, chega ao alto Empíreo: E chega ainda quente. As abelhas nas asas suspendidas Tiram, Marília, os sucos saborosos Das orvalhadas flores: Pendentes dos teus beijos graciosos O mel não chupam, chupam ambrosias Nunca fartos Amores.
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abstract
| - Arrastem pois os outros muito embora Cadeias nas bigornas trabalhadas Com pesados martelos: Eu tenho as minhas mão ao carro atadas Com duros ferros não, com fios d'ouro, Que são os teus cabelos. Oculto nos teus meigos vivos olhos Cupido a tudo faz tirana guerra: Sacode a seta ardente; E sendo despedida cá da terra, As nuvens rompe, chega ao alto Empíreo: E chega ainda quente. As abelhas nas asas suspendidas Tiram, Marília, os sucos saborosos Das orvalhadas flores: Pendentes dos teus beijos graciosos O mel não chupam, chupam ambrosias Nunca fartos Amores. O Vento quando parte em largas fitas As folhas, que meneia com brandura; A fonte cristalina, Que sobre as pedras cai de imensa altura, Não forma um som tão doce, como forma A tua voz divina. Em torno dos teus peitos, que palpitam, Exaltam mil suspiros desvelados Enxames de desejos; Se encontram os teus olhos descuidados, Por mais que se atropelem, voam, chegam; E dão furtivos beijos. O Cisne, quando corta o manso largo, Erguendo as brancas asas, e o pescoço; A Nau, que ao longe passa, Quando o vento lhe infuna o pano grosso, O teu garbo não tem, minha Marília, Não tem a tua graça. Estima pois os mais a liberdade; Eu prezo o cativeiro: sim, nem chamo À mão de amor ímpia: Honro a virtude, e os teus dotes amo: Também o grande Aquiles veste a saia, Também Alcides fia.
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