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| - Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo: Porque é que, tendo tudo, há de ficar O passarinho mudo, Arrepiado e triste, sem cantar ? É que, crença, os pássaros não falam. Só gorjeando a sua dor exalam, Sem que os homens os possam entender ; Se os pássaros falassem, Talvez os teus ouvidos escutassem Este cativo pássaro dizer: “Não quero o teu alpiste ! Gosto mais do alimento que procuro Na mata livre em que a voar me viste; Tenho água fresca num recanto escuro Da selva em que nasci; Da mata entre os verdores, Tenho frutos e flores, Sem precisar de ti ! Solta-me ao vento e ao sol !
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abstract
| - Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo: Porque é que, tendo tudo, há de ficar O passarinho mudo, Arrepiado e triste, sem cantar ? É que, crença, os pássaros não falam. Só gorjeando a sua dor exalam, Sem que os homens os possam entender ; Se os pássaros falassem, Talvez os teus ouvidos escutassem Este cativo pássaro dizer: “Não quero o teu alpiste ! Gosto mais do alimento que procuro Na mata livre em que a voar me viste; Tenho água fresca num recanto escuro Da selva em que nasci; Da mata entre os verdores, Tenho frutos e flores, Sem precisar de ti ! Não quero a tua esplêndida gaiola ! Pois nenhuma riqueza me consola De haver perdido aquilo que perdi ... Prefiro o ninho humilde, construído De folhas secas, plácido, e escondido Entre os galhos das árvores amigas ... Solta-me ao vento e ao sol ! Com que direito à escravidão me obrigas ? Quero saudar as pompas do arrebol ! Quero, ao cair da tarde, Entoar minhas tristíssimas cantigas ! Por que me prendes ? Solta-me covarde ! Deus me deu por gaiola a imensidade: Não me roubes a minha liberdade ... Quero voar ! voar ! ... “ Estas coisas o pássaro diria, Se pudesse falar. E a tua alma, criança, tremeria, Vendo tanta aflição: E a tua mão tremendo, lhe abriria A porta da prisão ...
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