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| - Deu as asas aos pássaros ligeiros, Deu ao peixe escamoso as barbatanas; Deu veneno à serpente, Ao membrudo elefante a enorme tromba, E ao javali o dente. Coube ao leão a garra; Com leve pé saltando o cervo foge; E o bravo touro marra. Ao homem deu as armas do discurso, Que valem muito mais que as outras armas; Deu-lhe dedos ligeiros, Que podem converter em seu serviço Os ferros, e os madeiros; Que tecem fortes laços, E forjam raios, com que aos brutos cortam Os vôos, mais os passos.
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abstract
| - Deu as asas aos pássaros ligeiros, Deu ao peixe escamoso as barbatanas; Deu veneno à serpente, Ao membrudo elefante a enorme tromba, E ao javali o dente. Coube ao leão a garra; Com leve pé saltando o cervo foge; E o bravo touro marra. Ao homem deu as armas do discurso, Que valem muito mais que as outras armas; Deu-lhe dedos ligeiros, Que podem converter em seu serviço Os ferros, e os madeiros; Que tecem fortes laços, E forjam raios, com que aos brutos cortam Os vôos, mais os passos. Às tímidas donzelas pertenceram Outras armas, que têm dobrada força, Deu-lhes a Natureza Além do entendimento, além dos braços As armas da beleza. Só ela ao Céu se atreve; Só ela mudar pode o gelo em fogo, Mudar o fogo em neve. Eu vejo, eu vejo ser a formosura, Quem arrancou da mão de Coriolano A cortadora espada. Vejo que foi de Helena o lindo rosto, Quem pôs em campo armada Toda a força da Grécia. E quem tirou o cetro aos reis de Roma? Só foi, só foi Lucrécia. Se podem lindos rostos, mal suspiram, O braço desarmar do mesmo Aquiles; Se estes rostos irados Podem soprar o fogo da discórdia Em povos aliados; És árbitra da terra: Tu podes dar, Marília, a todo o mundo A paz, e a dura guerra.
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