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| - O viver sem família, sem ventura, Sem esperanças mais... Este penar eterno, este sofrer sem crime, Este descrer dos mais; E aquele ver-te qual t'eu vi, co'o pranto Nos olhos a brilhar, E nos lábios sorrisos porque vias Qual era o meu penar! Se esse fingir que a vida te esgotava Do pobre coração, Se tudo fosse um pesadelo horrível, Um sonho vão; Se outra vez amanhã meiga sorrindo Me viesses contar Teu sonho mau, durante a noite, e o ledo Venturoso acordar! E que de ver-te se me fosse d'alma D'angústia o sentimento, Como visão noturna, como um traço n'água, Nuvem que tange o vento!
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abstract
| - O viver sem família, sem ventura, Sem esperanças mais... Este penar eterno, este sofrer sem crime, Este descrer dos mais; E aquele ver-te qual t'eu vi, co'o pranto Nos olhos a brilhar, E nos lábios sorrisos porque vias Qual era o meu penar! Se esse fingir que a vida te esgotava Do pobre coração, Se tudo fosse um pesadelo horrível, Um sonho vão; Se outra vez amanhã meiga sorrindo Me viesses contar Teu sonho mau, durante a noite, e o ledo Venturoso acordar! E que de ver-te se me fosse d'alma D'angústia o sentimento, Como visão noturna, como um traço n'água, Nuvem que tange o vento! Se em nossos peitos desses caos surgissem Os êxtases de amor, Como aves mil, que no romper do dia Voam de um ramo em flor! E a vida entre nós franca! o amor possível, E o paraíso ali! Oh! que acordar!... Venham dizer-me agora depois do que sofri, Que o mundo é vasto, que não devo amar-te, Que renuncie a ti! Fazei-o vós, se sois capaz de tanto... Não o peçais de mim. Qual o horrendo porvir que após nos guarda Não o sabeis, eu sei! É ser morto por dentro, é dizer d'alma Jamais feliz serei! É criar tédio à vida! — um só receio Ter-se — que seja eterno Este viver, este descrer de tudo, Este penar do inferno!
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