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| - Donzela! Se tu quiseras Ser a flor das primaveras Que tenho no coração: E se ouviras o desejo Do amoroso sertanejo Que descora de paixão!... Se tu viesses comigo Das serras ao desabrigo Aprender o que é amar... — Ouvi-lo no frio vento, Das aves no sentimento, Nas águas e no luar!... Ouvi-lo nessa viola, Onde a modinha espanhola Sabe carpir e gemer!... Que pelas horas perdidas Tem cantigas doloridas, Muito amor, muito doer... Pobre amor! o sertanejo Tem apenas seu desejo E as noites belas do val!... Só o ponche adamascado, O trabuco prateado E o ferro de seu punhal!...
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abstract
| - Donzela! Se tu quiseras Ser a flor das primaveras Que tenho no coração: E se ouviras o desejo Do amoroso sertanejo Que descora de paixão!... Se tu viesses comigo Das serras ao desabrigo Aprender o que é amar... — Ouvi-lo no frio vento, Das aves no sentimento, Nas águas e no luar!... Ouvi-lo nessa viola, Onde a modinha espanhola Sabe carpir e gemer!... Que pelas horas perdidas Tem cantigas doloridas, Muito amor, muito doer... Pobre amor! o sertanejo Tem apenas seu desejo E as noites belas do val!... Só o ponche adamascado, O trabuco prateado E o ferro de seu punhal!... E tem as lendas antigas E as desmaiadas cantigas Que fazem de amor gemer!... E nas noites indolentes Bebe cânticos ardentes Que fazem estremecer!... Tem mais... na selva sombria Das florestas a harmonia, Onde passa a voz de Deus, E nos relentos da serra Pernoita na sua terra, No leito dos sonhos seus! Se tu viesses, donzela, Verias que a vida é bela No deserto do sertão: Lá têm mais aroma as flores E mais amor os amores Que falam do coração! Se viesses inocente Adormecer docemente À noite no peito meu!... E se quisesses comigo Vir sonhar no desabrigo Com os anjinhos do céu! É doce na minha terra Andar, cismando, na serra Cheia de aroma e de luz, Sentindo todas as flores, Bebendo amor nos amores Das borboletas azuis! Os veados da campina Na lagoa, entre a neblina, São tão lindos a beber!... Da torrente nas coroas Ao deslizar das canoas É tão doce adormecer!... Ah! Se viesses, donzela, Verias que a vida é bela No silêncio do sertão! Ah!... morena, se quiseras Ser a flor das primaveras Que tenho no coração! Junto às águas da torrente Sonharias indolente Como num seio d'irmã!... — Sobre o leito de verduras O beijo das criaturas Suspira com mais afã! E da noitinha as aragens Bebem nas flores selvagens Efluviosa fresquidão!... Os olhos têm mais ternura E os ais da formosura Se embebem no coração!... E na caverna sombria Tem um ai mais harmonia E mais fogo o suspirar!... Mais fervoroso o desejo Vai sobre os lábios num beijo Enlouquecer, desmaiar!... E da noite nas ternuras A paixão tem mais venturas E fala com mais ardor!... E os perfumes, o luar, E as aves a suspirar, Tudo canta e diz — amor! Ah! vem! amemos! vivamos! O enlevo do amor bebamos Nos perfumes do serão! Ah! Virgem, se tu quiseras Ser a flor das primaveras Que tenho no coração!...
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