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  • A Divina Comédia/Inferno/XIII
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  • Não fronde verde, mas escura, ramos Não lisos, mas travados e nodosos, Não pomos, puas com veneno achamos. Por silvados mais densos, mais umbrosos, Do Cecina a Corneto, a besta brava, Não foge, agros deixando deleitosos. Das Hárpias o bando aqui pousava. Que expeliram de Strófade os Troianos, Vaticinando o mal, que os aguardava. Asas têm largas, colo e rosto humanos, Garras nos pés, plumoso e ventre enorme, Soam na selva os uivos seus insanos. E disse o Mestre: “Convém já te informe Que o recinto segundo vais entrando, Onde verás spetáculo disforme, “Na minha própria casa hei-me enforcado”. —
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  • Canto XIII
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  • por Dante Alighieri, tradução de José Pedro Xavier Pinheiro
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  • Não fronde verde, mas escura, ramos Não lisos, mas travados e nodosos, Não pomos, puas com veneno achamos. Por silvados mais densos, mais umbrosos, Do Cecina a Corneto, a besta brava, Não foge, agros deixando deleitosos. Das Hárpias o bando aqui pousava. Que expeliram de Strófade os Troianos, Vaticinando o mal, que os aguardava. Asas têm largas, colo e rosto humanos, Garras nos pés, plumoso e ventre enorme, Soam na selva os uivos seus insanos. E disse o Mestre: “Convém já te informe Que o recinto segundo vais entrando, Onde verás spetáculo disforme, “Até que ao areal chegues infando. Atenta! E darás fé à narrativa, Que fiz, ainda lá no mundo estando”. Em toda parte ouvi grita aflitiva: Como não via quem assim gemesse, Parei e a torvação se fez mais viva. Creio que o Mestre cria então que eu cresse Que esses lamentos enviava aos ares Uma turba, que aos olhos se escondesse; Pois disse-me: “De um tronco se quebrares Um só raminho, ficarás ciente Desse erro em que se enleiam teus pensares”. — O braço estendo então e prontamente Vergôntea quebro. O tronco, assim ferido “Por que razão me arrancas?” diz fremente. De sangue negro o ramo já tingido, “Por que me rompes?” — prosseguiu gemendo — Assomos de piedade nunca hás tido?” — “Fui homem, hoje o lenho, que estás vendo! Mais compassiva a tua mão seria Se alma aqui fosse de um dragão tremendo”. Como acha verde, quando se incendia Num extremo s’estorce, no outro estala, Chiando e a umidade fora envia: Daquela arvora assim brotava a fala, E o sangue; a minha mão já desprendera O ramo, e, entanto, o horror no peito cala. “Se de antes ele acreditar pudera” Lhe torna o sábio Mestre “alma agravada, O que eu nos versos meus lhe descrevera, “Por te ferir sua mão não fora alçada. Não crera eu mesmo, e tanto que o induzira Ao feito, que me pesa e desagrada. “Diz-lhe quem foste e as dúvidas lhe tira. O mal te compensando, a fama tua Há de avivar no mundo, a que retira”. — E o tronco: “Alívio tanto à dor, que atua, Causais, que de bom grado eu já explico: 57 Ao triste dai que a mágoa exprima sua. Fui quem do coração de Frederico As chaves tive e usei com tanto jeito, Fechando e desfechando que era rico “Da fé com que a mim só rendeu seu peito No glorioso cargo fui constante, Força, alento exauri por seu proveito. “A torpe meretriz, que, a todo instante Ao régio paço olhos venais volvendo, Morte comum, das cortes mal flagrante, “Contra mim ódio em todos acendendo, Por eles acendeu iras de Augusto, Que honras ledas tornou-me em luto horrendo. “Ressentindo-me então do mundo injusto, Por fugir seus desdéns, buscando a morte, Comigo iníquo fui eu, que era justo. “Pelo tronco em que peno desta sorte, Que jamais infiel hei sido, juro, Ao Rei meu, que houve a glória por seu norte, “De vós o que voltar à luz adjuro Que a memória me salve ao nome honrado, Que vulnerou da inveja o golpe duro”. — O vate inda esperou. — “Pois se há calado”. — Disse-me “fala, se tu mais desejas E pede-lhe: do tempo és apressado”. — Tornei: “Tu mesmo inquires quanto vejas Mais convir-me; que eu sinto-me inibido Por mágoas, que em minha alma são sobejas”. Ele então: “— Se o desejo teu cumprido For por este homem, nobremente usando, Te apraza, encarcerada alma, ao pedido “Nosso atender, e como nos mostrando Se liga ao tronco o esp’rito e se é factível Soltar-se um dia, o vínculo quebrando”. — Soprou de rijo o lenho; e perceptível Aquele som desta arte nos dizia: — “Resposta breve dou quanto é possível. “Quando os laços do corpo uma alma ímpia Destrói por si, do seu furor no enleio Ao círc’lo sete Minos logo a envia. “Na selva tomba e aonde acaso veio, E como o seu destino lhe consente, Aí, qual grão germina de centeio, “Vai crescendo até ser árvore ingente: As Hárpias, que a fronde lhe devoram, Causam-lhe dor, que rompe em voz plangente. “Hemos de ir onde os corpos nossos moram, Como as outras, mas sem que os revistamos, Mor pena aos que em perdê-los prestes foram. “Arrastados serão por nós: aos ramos Pendentes ficarão nesta floresta Nos troncos, em que, assim, vedes, penamos”. — Ouvíamos ainda a sombra mesta, De mais dizer cuidando houvesse o intento. Eis sentimos rumor, que nos molesta. Assim monteiro, à caça pouco atento, Do javardo e dos cães ouve o estrupido E das ramadas o estalar violento. Súbito vejo à esquerda, espavorido, Fugindo esp’ritos dois nus, lacerados, Ramos rompendo ao bosque denegrido. “Ó morte!” um clama — “acode aos desgraçados!” O segundo, que tardo se julgava: “Ninguém, ó Lano, os pés tanto apressados “De Toppo nas refregas te observava!” Porém, de todo já perdido o alento, Numa sarça acolheu-se que ali stava. Corria, enchendo a selva, em seguimento De famintas cadelas negro bando, Quais alões da cadeia ao todo isento A sombra homiziada se enviando, A fez pedaços a matilha brava, E logo após levou-os ululando. Então meu Guia pela mão me trava, Conduz-me à sarça, que se em vão carpia Pelas roturas, que o seu sangue lava. “Ó Jacó Santo André!” triste dizia — “Podia eu ser-te acaso amparo certo? Em mim por crimes teus que culpa havia?” — Disse-lhe o Mestre, quando foi mais perto: “Quem és tu, que o teu sangue e mágoas exalas Por golpes tantos, de que estás coberto?” — Tornou-lhe: “Ó alma que dessa arte falas E tu que o dano vês, que me separa, Da fronde minha, agora amontoá-las “Dignai-vos junto à rama, que as brotara. Na cidade nasci que por Batista Deixou prisco patrão, que da arte amara “Sempre pelos efeitos a contrista. E se do Arno na ponte não restasse Um vestígio, que traz seu culto à vista “Talvez ela à existência não tornasse, E quem das cinzas, que Átila há deixado, Levantou-a os esforços malograsse. “Na minha própria casa hei-me enforcado”. —
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