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| - Voltemos ao assunto. A minha musa, Como um falado imperador romano, Distrai-se, às vezes, apanhando moscas. Por estradas mais longas ando sempre: Com o cônego ilustre me pareço, Quando ele já sentia vir o sono, Para poupar caminho até a vela, Sobre a vela atirava a carapuça. Então, no escuro, em camisola branca, Ia apalpando procurar na sala - Para o queijo flamengo da careca Dos defluxos guardar — o negro saco. Quem não sonhou a terra do Levante? As noites do Oriente, o mar, as brisas, Toda aquela suave natureza Que amorosa suspira e encanta os olhos?
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abstract
| - Voltemos ao assunto. A minha musa, Como um falado imperador romano, Distrai-se, às vezes, apanhando moscas. Por estradas mais longas ando sempre: Com o cônego ilustre me pareço, Quando ele já sentia vir o sono, Para poupar caminho até a vela, Sobre a vela atirava a carapuça. Então, no escuro, em camisola branca, Ia apalpando procurar na sala - Para o queijo flamengo da careca Dos defluxos guardar — o negro saco. À ordem, Musa! Canta agora como O poeta Ali-Moon no harém entrando, Como um poeta que enamora a lua, Ou que beija uma estátua de alabastro, Suando de calor... de sol e amores... Cantava no alaúde enamorado! E como ele saiu-se do namoro... Assunto bem moral, digno de prêmio, E interessante como um catecismo... Que tem ares até de ladainha! Quem não sonhou a terra do Levante? As noites do Oriente, o mar, as brisas, Toda aquela suave natureza Que amorosa suspira e encanta os olhos? Principio no harém. Não é tão novo... Mas esta vida é sempre deleitosa. As almas d'homem ao harém se voltam... Ser um dia sultão quem não deseja? Quem não quisera das sombrias folhas Nas horas do calor, junto do lago, As odaliscas espreitar no banho E mais bela a sultana entre as formosas? Mas ah! o plágio nem perdão merece! Digam — pega ladrão! Confesso o crime: Não é Ovídio só que imito e sonho, Quando pinta Acteon fitando os olhos Nas formas nuas de Diana virgem! Não! embora eu aqui não fale em ninfas, Essa idéia é do cônego Filipe!
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