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| - Tu m'inspiraste, oh musa do silêncio, Mimosa flor da lânguida saudade! Por ti correu meu estro ardente e louco Nos verdores febris da mocidade Tu vinhas pelas horas das tristezas Sobre o meu ombro debruçar-te a medo, A dizer-me baixinho mil cantigas, Como vozes sutis dalgum segredo! Por ti eu me embarquei, cantando e rindo, - Marinheiro de amor - no batel curvo, Rasgando afouto em hinos d'esperança As ondas verde-azuis dum mar que é turvo. Por ti corri sedento atrás da glória; Por ti queimei-me cedo em seus fulgores; Queria de harmonia encher-te a vida, Palmas na fronte - no regaço flores! C.
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abstract
| - Tu m'inspiraste, oh musa do silêncio, Mimosa flor da lânguida saudade! Por ti correu meu estro ardente e louco Nos verdores febris da mocidade Tu vinhas pelas horas das tristezas Sobre o meu ombro debruçar-te a medo, A dizer-me baixinho mil cantigas, Como vozes sutis dalgum segredo! Por ti eu me embarquei, cantando e rindo, - Marinheiro de amor - no batel curvo, Rasgando afouto em hinos d'esperança As ondas verde-azuis dum mar que é turvo. Por ti corri sedento atrás da glória; Por ti queimei-me cedo em seus fulgores; Queria de harmonia encher-te a vida, Palmas na fronte - no regaço flores! Tu, que foste a vestal dos sonhos d'ouro, O anjo-tutelar dos meus anelos, Estende sobre mim as asas brancas. Desenrola os anéis dos teus cabelos! Muito gelo, meu Deus, crestou-me as galas! Muito vento do sul varreu-me as flores! Ai de mim - se o relento de teus risos Não molhasse o jardim dos meus amores! Não t'esqueças de mim! Eu tenho o peito De santas ilusões, de crenças cheio! - Guarda os cantos do louco sertanejo No leito virginal que tens no seio. Podes ler o meu livro: - adoro a infância, Deixo a esmola na enxerga do mendigo, Creio em Deus, amo a pátria, e em noites lindas Minh'alma - aberta em flor - sonha contigo. Se entre as rosas das minhas - Primaveras - Houver rosas gentis, de espinhos nuas; Se o futuro atirar-me algumas palmas As palmas do cantor - são todas tuas! Agosto 20 - 1859. C.
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