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| - Eu não tenho alcachofra, que à luz chegue, E nela orvalhe o Céu de madrugada, Para ver se rebentam novas folhas Aonde foi queimada. Também não tenho um ovo, que despeje Dentro dum copo d'água, e possa nela Fingir palácios grandes, altas torres, E uma nau à vela. Mas, ah! em bem me lembre; eu tenho ouvido Que a boca um bochecho d'água tome, E atrás de qualquer porta atento esteja, Até ouvir um nome. Que o nome, que primeiro ouvir, é esse O nome, que há de Ter a minha amada; Pode verdade ser; se for mentira, Também não custa nada.
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Autor
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| - Eu não tenho alcachofra, que à luz chegue, E nela orvalhe o Céu de madrugada, Para ver se rebentam novas folhas Aonde foi queimada. Também não tenho um ovo, que despeje Dentro dum copo d'água, e possa nela Fingir palácios grandes, altas torres, E uma nau à vela. Mas, ah! em bem me lembre; eu tenho ouvido Que a boca um bochecho d'água tome, E atrás de qualquer porta atento esteja, Até ouvir um nome. Que o nome, que primeiro ouvir, é esse O nome, que há de Ter a minha amada; Pode verdade ser; se for mentira, Também não custa nada. Vou tudo executar, e de repente Ouvi dizer o nome de Filena: Despejo logo a boca: ah! não sei como Não morro ali de pena! Aparece Cupido: então soltando Em ar de zombaria uma risada, E que tal, me pergunta, esteve a peça? Não foi bem pregada? Eu já te disse, que Marília é tua: Tu fazes do meu dito tanta conta, Que vais acreditar o que te ensina Velha mulher já tonta. Humilde lhe respondo: Quem debaixo Do açoite da Fortuna aflito geme, Nas mesmas coisas, que só são brinquedos Se agouram males, e teme.
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