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| - És tu! bem vejo... não fales! Cala-te! já sei o que é! A mão vais dar, vida e fé A outro!... Vais te casar. Pálida, pálida a fronte, Olhos em pranto a nadar! E vais! e és tu mesma? — e vais!... Fui eu quem te dei o exemplo... Sei que te aguardam no templo, Deixa-me aqui a chorar: Fazes somente o que fiz, Não fazes mais que imitar! Mas eu quis ver-te feliz, Não dar-te exemplo!... pensava Que ileso e firme ficava O teu amor — a guardar A fé, que eu mesmo, insensato! Fui o primeiro a quebrar!
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abstract
| - És tu! bem vejo... não fales! Cala-te! já sei o que é! A mão vais dar, vida e fé A outro!... Vais te casar. Pálida, pálida a fronte, Olhos em pranto a nadar! E vais! e és tu mesma? — e vais!... Fui eu quem te dei o exemplo... Sei que te aguardam no templo, Deixa-me aqui a chorar: Fazes somente o que fiz, Não fazes mais que imitar! Mas eu quis ver-te feliz, Não dar-te exemplo!... pensava Que ileso e firme ficava O teu amor — a guardar A fé, que eu mesmo, insensato! Fui o primeiro a quebrar! Contradições d'alma humana! Fui, sim, quem te dei o exemplo, Isso quis, e ora contemplo Essa grinalda — a chorar, A fronte pálida, pálida, E o branco véu a ondular! E há de o mundo inda algum dia Do olvido o véu tenebroso Estender por tanto gozo, Tanto crer, tanto esperar! Vai que te aguardam: já tardas: Deixa-me aqui a chorar! Vai! e que os anjos derramem Sobre ti flores, venturas, Que as alegrias mais puras Floresçam dos passos teus: E que entres na casa estranha Como uma bênção dos céus! Que a fortuna — de veludos Alcatife os teus caminhos, Que o orvalho dos teus carinhos A esse faça feliz Com quem te casas — que te ame Como te amei e te quis! Porém procura esquecer-te, Das venturas no regaço, De mim, dos votos que faço, De quanto pedi aos céus Ver este dia... mas choro! Vai! sê feliz! adeus! Categoria:Gonçalves Dias Categoria:Romantismo brasileiro Categoria:Poesia brasileira Categoria:1861
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