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  • Ao Dr. João Duarte Lisboa Serra
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  • Mais um pungir de acérrima saudade, Mais um canto de lágrimas ardentes, Oh! minha Harpa, - oh! minha Harpa desditosa. Escuta, ó meu amigo: da minha alma Foi uma lira outrora o instrumento; Cantava nela amor, prazer, venturas, Até que um dia a morte inexorável Triste pranto de irmão veio arrancar-te! Lancei depois meus olhos sobre o mundo, Cantor do sofrimento e da amargura; E vi que a dor aos homens circundava, Como em roda da terra o mar se estreita; Que apenas desfrutamos, - miserandos! Desbotado prazer entre mil dores, - Uma rosa entre espinhos aguçados, Um ramo entre mil vagas combatido.
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  • Ao Dr. João Duarte Lisboa Serra
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notas
  • Publicado no livro Primeiros Cantos .
Autor
  • Gonçalves Dias
abstract
  • Mais um pungir de acérrima saudade, Mais um canto de lágrimas ardentes, Oh! minha Harpa, - oh! minha Harpa desditosa. Escuta, ó meu amigo: da minha alma Foi uma lira outrora o instrumento; Cantava nela amor, prazer, venturas, Até que um dia a morte inexorável Triste pranto de irmão veio arrancar-te! As lágrimas dos olhos me caíram, E a minha lira emudeceu de mágoa! Então aventei eu que a vida inteira Do bardo, era um perene sacerdócio De lágrimas e dor; - tomei uma Harpa: Na corda da aflição gemeu minha alma, Foi meu primeiro canto um epicédio! Minha alma batizou-se em pranto amargo, Na frágua do sofrer purificou-se! Lancei depois meus olhos sobre o mundo, Cantor do sofrimento e da amargura; E vi que a dor aos homens circundava, Como em roda da terra o mar se estreita; Que apenas desfrutamos, - miserandos! Desbotado prazer entre mil dores, - Uma rosa entre espinhos aguçados, Um ramo entre mil vagas combatido. Voltou-se então p'ra Deus o meu esp'rito, E a minha voz queixosa perguntou-lhe: - Senhor, porque do nada me tiraste, Ou por que a tua voz onipotente Não fez secar da minha vida a sebe, Quando eu era principio e feto - apenas? Outra voz respondeu-me dentro d'alma: - Ardam teus dias como o feno, - ou durem Como o fogo de tocha resinosa, - Como rosa em jardim sejam brilhantes, Ou baços como o cardo montesinho. Não deixes de cantar, ó triste bardo. - E as cordas da minha harpa - da primeira À extrema - da maior à mais pequena, Nas asas do tufão - entre perfumes, Um cântico de amores exaltaram Ao trono do Senhor; - e eu disse às turbas: - Ele nos faz gemer porque nos ama; Vem o perdão nas lágrimas contritas, Nas asas do sofrer desce a demência; Sobre quem chora mais ele mais vela! Seu amor divinal é como a lâmpada, Na abóbada dum templo pendurada, Mais luz filtrando em mais opacas trevas. Eu o conheço: - o cântico do bardo É bálsamo ao que morre, - é lenitivo, Mas doloroso, mas funéreo e triste A quem lhe carpe infausto a morte crua. Mas quando a alma do justo, espedaçando O invólucro de lodo, aos céus remonta, Como estrada de luz correndo os astros, Seguindo o som dos cânticos dos anjos Que na presença do Senhor se elevam; Choro... tão bem Jesus chorou a Lázaro! Mas na excelsa visão que se me antolha Bebo consolações, - minha alma anseia A hora em que também há de asilar-se No seio imenso do perdão do Eterno. Chora, amigo: porém quando sentires O pranto nos teus olhos condensar-se, Que já não pode mais banhar-te as faces, Ergue os olhos ao céu, onde a luz mora, Onde o orvalho se cria, onde parece Que a tímida esperança nasce e habita. E se eu - feliz! - puder inda algum dia Ferir por teu respeito na minha harpa A leda corda onde o prazer palpita, A corda do prazer que ainda inteira, Que virgem de emoção inda conservo, Suspenderei minha harpa dalgum tronco Em of'renda à fortuna; - ali sozinha, Tangida pelo sopro só do vento, Há de mistérios conversar co'a noite. De acorde estreme perfumando as brisas: Qual Harpa de Sião presa aos salgueiros Que não há de cantar a desventura, Tendo cantos gentis vibrado nela.
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