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| - thumb|right|200px|Omolu, ilustração de José Carlos Martinez thumb|right|200px|outra interpretação de Omolu/Obaluaiê Obaluaiê, Obaluaê, Abaluaiê (de Ọbalúayé, "rei dono da terra", em iorubá), Omolu (Ọmọlu, "filho do senhor", idem) e Xapanã (Ṣànpònná) são os nomes dados ao orixá da varíola e das doenças contagiosas, tanto para enviá-las quanto para curá-las. Ora são considerados nomes diferentes do mesmo orixá, ora se reconhece pelo menos dois: Obaluaiê, mais velho, sincretizado na Bahia com São Roque e Omolu, jovem, sincretizado com São Lázaro. Seu culto, assim como o de Nanã Burucu, parece fazer parte de sistemas religiosos anteriores a Odudua. Não constam da lista dos companheiros de Odudua ao chegar em Ifé, mas algumas lendas de Ifá dizem que Obaluaiê já estava instalado em Òkè Itaṣe antes da chegada de Orunmilá, que pertence ao grupo. A antiguidade desses cultos é também sugerida por um detalhe dos sacrifícios que lhe são feitos, realizados sem o emprego de instrumentos de ferro, o que sugere que ambos fazem parte de uma cultura anterior à Idade do Ferro e à chegada de Ogum. Diz-se que é filho de Nanã Burucu e originário, como ela e Oxumaré, do país Mahi. No Brasil, os pejis (altares, assentamentos) dessas três divindades são reunidos numa mesma cabana, separada das dos outros orixás. Segundo Frobenius, haveria dois Xapanãs: um de origem tapá, que ele chama de Ṣànpònná-Airo e o outro,que teria ido a Oyó, vindo do Daomé, que chama de Ṣànpònná-Boku, aproximando-o de Nanã Burucu. Existe muita confusão a respeito de Ṣànpònná, Ọbalúayé, Ọmọlu e Mọlu, que se misturam em alguns lugares e em outros são orixás distintos, e também com Nanã Burucu, igualmente confundida com eles. Segundo Pierre Verger, é possível tanto que se trate de:
* - ou um sincretismo entre duas divindades, uma do leste, Ṣànpònná-Ọbalúayé (Nàná-Buruku), e outra do oeste, Ọmọlu-Mọlu (Nàná-Brukung), que se juntaram e tomaram um caráter único em Kêto;
* - ou então, tratar-se-ia de uma divindade única, trazida por migrações leste-oeste, como as dos Ga, que foram de Benim para a região de Acra, durante o reino de Udagbede, no fim do século XII e levada depois para seu lugar de origem, com um novo nome que, no início, era apenas um epíteto. Seus iaôs dançam inteiramente revestidos de palha da costa. A cabeça é coberta por um capuz da mesma palha, cujas franjas recobrem o rosto. Em conjunto, parecem pequenos montes de palha, em cuja parte inferior aparecem pernas cobertas por calças de renda e, na altura da cintura, mãos brandindo um xaxará, espécie de vassoura feita de nervuras de folhas de palmeira, decorada com búzios, contas e pequenas cabaças que se supõe conter remédios. Dançam curvados para a frente, como que atormentados por dores, e imitam o sofrimento, as coceiras e os tremores de febre. A orquestra toca para Obaluaiê um ritmo pesado, lento triste e quebrado por pausas, chamado opanijé, o que significa em iorubá "ele mata qualquer um e o come". No Brasil como em Cuba (onde é chamado Babalú Ayé), considera-se perigoso pronunciar o nome de Xapanã, chamado Obaluaiê ou Omolu por prudência. É sincretizado com São Lázaro e São Roque na Bahia e em Cuba, e com São Sebastião no Recife e Rio de Janeiro. As pessoas que lhe são consagradas usam dois tipos de colares: o lagidiba, feito de pequenos discos negros enfiados, ou o colar de contas marrons com listas pretas. Quando o orixá se manifesta sobre um de seus iniciados, é acolhido pelo grito "Atotô!" ("respeito e submissão!"). A festa anual de oferendas chama-se "Olubajé" e em seu decorrer lhe são apresentados pratos de aberém (milho cozido enrolado em folhas de bananeira), carne de bode, galos e pipocas. As segundas-feiras lhe são consagradas. Nesse dia, o chão do adro da Igreja de São Lázaro, na Bahia, é coberto de pipocas que as pessoas passam no corpo para se preservar de doenças contagiosas. As proibições alimentres das pessoas dedicadas a Obaluaiê são, como na África, carne de carneiro, peixe de água doce de pele lisa, caranguejos, banana-prata, jacas, melões, abóboras e frutos de plantas trepadeiras. O arquétipo de Obaluaiê, segundo Verger, é o das pessoas com tendências masoquistas, que gostam de exibir seus sofrimentos e as tristezas, das quais tiram uma satisfação íntima. Pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida lhes corre tranqüila. Podem atingir situações materiais invejáveis e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. Pessoas que em certos casos sentem-se capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais.
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