About: dbkwik:resource/iqOEv1g27osNFTi70Di7dg==   Sponge Permalink

An Entity of Type : owl:Thing, within Data Space : 134.155.108.49:8890 associated with source dataset(s)

AttributesValues
rdfs:label
  • Lágrima de sangue
rdfs:comment
  • Ao pé das aras, ao clarão dos círios, Eu te devera consagrar meus dias... Perdão, meu Deus! perdão... Se neguei meu Senhor nos meus delírios E um canto de enganosas melodias Levou meu coração! Só tu, só tu podias o meu peito Fartar de imenso amor e luz infinda E uma saudade calma! Ao sol de tua fé doirar meu leito E de fulgores inundar ainda A aurora na minh'alma. Pela treva do espírito lancei-me, P'ras esperanças suicidei-me rindo... Sufocando-as sem dó... No vale dos cadáveres sentei-me E minhas flores semeei sorrindo Dos túmulos no pó.
dcterms:subject
dbkwik:resource/RQXmPcyd2wFf2CmVCz207g==
  • Lágrimas de sangue
dbkwik:pt.poesia/p...iPageUsesTemplate
notas
  • .
Autor
  • Álvares de Azevedo
abstract
  • Ao pé das aras, ao clarão dos círios, Eu te devera consagrar meus dias... Perdão, meu Deus! perdão... Se neguei meu Senhor nos meus delírios E um canto de enganosas melodias Levou meu coração! Só tu, só tu podias o meu peito Fartar de imenso amor e luz infinda E uma saudade calma! Ao sol de tua fé doirar meu leito E de fulgores inundar ainda A aurora na minh'alma. Pela treva do espírito lancei-me, P'ras esperanças suicidei-me rindo... Sufocando-as sem dó... No vale dos cadáveres sentei-me E minhas flores semeei sorrindo Dos túmulos no pó. Indolente Vestal, deixei no templo A pira se apagar! na noite escura O meu gênio descreu... Voltei-me para a vida... só contemplo A cinza da ilusão que ali murmura: Morre! — tudo morreu! Cinzas, cinzas... Meu Deus! só tu podias À alma que se perdeu bradar de novo: — Ressurge-te ao amor! Macilento, das minhas agonias Eu deixaria as multidões do povo Para amar o Senhor! Do leito aonde o vício acalentou-me O meu primeiro amor fugiu chorando... Pobre virgem de Deus! Um vendaval sem norte arrebatou-me, Acordei-me na treva... profanando Os puros sonhos meus! Oh! se eu pudesse amar!... — É impossível! Mão fatal escreveu na minha vida... A dor me envelheceu... O desespero pálido, impassível, Agoirou minha aurora entristecida, De meu astro descreu... Oh! se eu pudesse amar! Mas não: agora Que a dor emurcheceu meus breves dias, Quero na cruz sanguenta Derramá-los na lágrima que implora, Que mendiga perdão pela agonia Da noite lutulenta! Quero na solidão... nas ermas grutas A tua sombra procurar chorando Com meu olhar incerto... As pálpebras doridas nunca enxutas Queimarei... teus fantasmas invocando No vento do deserto. De meus dias a lâmpada se apaga, Roeram meu viver mortais venenos, Curvo-me ao vento forte: Teu fúnebre clarão que a noite alaga, Como a estrela oriental, me guie ao menos ' Té ao vale da morte! No mar dos vivos o cadáver bóia, A lua é descorada como um crânio, Este sol não reluz... Quando na morte a pálpebra se engóia, O anjo desperta em nós e subitânio Voa ao mundo da luz! Do val de Josafá pelas gargantas Uiva na treva o temporal sem norte E os fantasmas murmuram... Irei deitar-me nessas trevas santas, Banhar-me na friez lustral da morte, Onde as almas se apuram! Mordendo as clinas do corcel da sombra, Sufocado, arquejante passarei Na noite do infinito... Ouvirei essa voz que a treva assombra, Dos lábios de minh'alma entornarei O meu cântico aflito! Flores cheias de aroma e de alegria, Por que na primavera abrir cheirosas E orvalhar-vos abrindo? As torrentes da morte vêm sombrias, Hão de amanhã nas águas tenebrosas Vos arrastar bramindo. Morrer! morrer! — É voz das sepulturas! Como a lua nas salas festivais A morte em nós se estampa! E os pobres sonhadores de venturas Roxeiam amanhã nos funerais E vão rolar na campa! Que vale a glória, a saudação que enleva Dos hinos triunfais na ardente nota E as turbas devaneia? Tudo isso é vão e cala-se na treva... — Tudo é vão, como em lábios de idiota Cantiga sem idéia. Que importa? quando a morte se descarna, A esperança do céu flutua e brilha Do túmulo no leito: O sepulcro é o ventre onde se encarna Um verbo divinal que Deus perfilha E abisma no seu peito! Não chorem! que essa lágrima profunda Ao cadáver sem luz não dá conforto... Não o acorda um momento! Quando a treva medonha o peito inunda, Derrama-se nas pálpebras do morto Luar de esquecimento! Caminha no deserto a caravana, Numa noite sem lua arqueja e chora... O termo... é um sigilo! O meu peito cansou da vida insana, Da cruz à sombra, junto aos meus, agora, Eu dormirei tranqüilo! Dorme ali muito amor... muitas amantes, Donzelas puras que eu sonhei chorando E vi adormecer... Ouço da terra cânticos cânticos errantes E as almas saudosas suspirando Que falam em morrer... Aqui dormem sagradas esperanças, Almas sublimes que o amor erguia... E gelaram tão cedo! Meu pobre sonhador! aí descansas, Coração que a existência consumia E roeu em segredo! Quando o trovão romper as sepulturas, Os crânios confundidos acordando No lodo tremerão... No lodo pelas tênebras impuras Os ossos estalados tiritando Dos vales surgirão! Como rugindo a chama encarcerada Dos negros flancos do vulcão rebenta Golfejando nos céus, Entre nuvem ardente e trovejada Minh'alma se erguerá, fria, sangrenta, Ao trono de meu Deus... Perdoa, meu Senhor! O errante crente Nos desesperos em que a mente abrasas Não o arrojes p'lo crime! Se eu fui um anjo que descreu demente E no oceano do mal rompeu as asas, Perdão! arrependi-me!
Alternative Linked Data Views: ODE     Raw Data in: CXML | CSV | RDF ( N-Triples N3/Turtle JSON XML ) | OData ( Atom JSON ) | Microdata ( JSON HTML) | JSON-LD    About   
This material is Open Knowledge   W3C Semantic Web Technology [RDF Data] Valid XHTML + RDFa
OpenLink Virtuoso version 07.20.3217, on Linux (x86_64-pc-linux-gnu), Standard Edition
Data on this page belongs to its respective rights holders.
Virtuoso Faceted Browser Copyright © 2009-2012 OpenLink Software