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| - Mas não sei que luz me banha Todo de um vivo clarão; Não sei que música estranha Me sobe do coração. Como que, em cantos suaves, Pelo caminho que sigo, Eu levo todas as aves, Todos os astros comigo. E é tanta essa luz, é tanta Essa música sem par, Que nem sei se é a luz que canta, Se é o som que vejo brilhar.
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abstract
| - Mas não sei que luz me banha Todo de um vivo clarão; Não sei que música estranha Me sobe do coração. Como que, em cantos suaves, Pelo caminho que sigo, Eu levo todas as aves, Todos os astros comigo. E é tanta essa luz, é tanta Essa música sem par, Que nem sei se é a luz que canta, Se é o som que vejo brilhar. Caminho em êxtase, cheio Da luz de todos os sóis, Levando dentro do seio Um ninho de rouxinóis. E tanto brilho derramo, E tanta música espalho, Que acordo os ninhos e inflamo As gotas frias do orvalho. E vou sozinho, pensando Em teu amor, a sonhar, No ouvido e no olhar levando Tua voz e teu olhar. Caminho. A terra deserta Anima-se. Aqui e ali, Por toda parte desperta Um coração que sorri. Em tudo palpita um beijo, Longo, ansioso, apaixonado, E um delirante desejo De amar e de ser amado. E tudo, - o céu que se arqueia Cheio de estrelas, o mar, Os troncos negros, a areia, - Pergunta, ao ver-me passar: "O Amor, que a teu lado levas, A que lugar te conduz, Que entras coberto de trevas, E sais coberto de luz? De onde vens? que firmamento Correste durante o dia, Que voltas lançando ao vento Esta inaudita harmonia? Que país de maravilhas, Que Eldorado singular Tu visitaste, que brilhas Mais do que a estrela polar?" E eu continuo a viagem, Fantasma deslumbrador, Seguido por tua imagem, Seguido por teu amor. Sigo... Dissipo a tristeza De tudo, por todo o espaço, E ardo, e canto, e a Natureza Arde e canta, quando eu passo, - Só porque passo pensando Em teu amor, a sonhar, No ouvido e no olhar levando Tua voz e teu olhar... Categoria:Poesia brasileira Categoria:Olavo Bilac
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