About: dbkwik:resource/qqsWAHq86u6mQkK9l-UQUg==   Sponge Permalink

An Entity of Type : owl:Thing, within Data Space : 134.155.108.49:8890 associated with source dataset(s)

AttributesValues
rdfs:label
  • Já a roxa manhã clara
rdfs:comment
  • A manhã bela e amena, seu rosto descobrindo, a espessura se cobre de verdura, branda, suave, angélica, serena. Ó deleitosa pena, ó efeito de Amor tão preeminente que permite e consente que onde quer que me ache, e onde esteja, o seráfico gesto sempre veja, por quem de viver triste sou contente! Mas tu, Aurora pura, de tanto bem dá graças à ventura, pois as foi pôr em ti tão diferentes, que representes tanta fermosura. Canção de cisne, feita n'hora extrema: na dura pedra fria da memória te deixo, em companhia do letreiro de minha sepultura; que a sombra escura já me impede o dia.
dcterms:subject
dbkwik:resource/RQXmPcyd2wFf2CmVCz207g==
  • Já a roxa manhã clara
dbkwik:pt.poesia/p...iPageUsesTemplate
Autor
  • Luís Vaz de Camões
abstract
  • A manhã bela e amena, seu rosto descobrindo, a espessura se cobre de verdura, branda, suave, angélica, serena. Ó deleitosa pena, ó efeito de Amor tão preeminente que permite e consente que onde quer que me ache, e onde esteja, o seráfico gesto sempre veja, por quem de viver triste sou contente! Mas tu, Aurora pura, de tanto bem dá graças à ventura, pois as foi pôr em ti tão diferentes, que representes tanta fermosura. A luz suave e leda a meus olhos me mostra por quem mouro, e os cabelos de ouro não igual' aos que vi, mas arremeda: esta é a luz que arreda a negra escuridão do sentimento ao doce pensamento; o orvalho das flores delicadas são nos meus olhos lágrimas cansadas, que eu choro co prazer de meu tormento; os pássaros que cantam os meus espritos são, que a voz levantam, manifestando o gesto peregrino com tão divino som que o mundo espantam. Assim como acontece a quem a cara vida está perdendo, que, enquanto vai morrendo, algüa visão santa lhe aparece; a mim, em quem falece a vida, que sois vós, minha Senhora, a esta alma que em vós mora (enquanto da prisão se está apartando) vos estais juntamente apresentando em forma da fermosa e roxa Aurora. Ó ditosa partida! Ó glória soberana, alta e subida! Se mo não impedir o meu desejo; porque o que vejo, enfim, me torna a vida. Porém a Natureza, que nesta vista pura se mantinha, me falta tão asinha, quão asinha o sol falta à redondeza. Se houverdes que é fraqueza morrer em tão penoso e triste estado, Amor será culpado, ou vós, onde ele vive tão isento, que causastes tão longo apartamento, porque perdesse a vida co cuidado. Que se viver não posso (um homem sou só, de carne e osso), esta vida que perco, Amor ma deu; que não sou meu: se mouro, o dano é vosso. Canção de cisne, feita n'hora extrema: na dura pedra fria da memória te deixo, em companhia do letreiro de minha sepultura; que a sombra escura já me impede o dia.
Alternative Linked Data Views: ODE     Raw Data in: CXML | CSV | RDF ( N-Triples N3/Turtle JSON XML ) | OData ( Atom JSON ) | Microdata ( JSON HTML) | JSON-LD    About   
This material is Open Knowledge   W3C Semantic Web Technology [RDF Data] Valid XHTML + RDFa
OpenLink Virtuoso version 07.20.3217, on Linux (x86_64-pc-linux-gnu), Standard Edition
Data on this page belongs to its respective rights holders.
Virtuoso Faceted Browser Copyright © 2009-2012 OpenLink Software