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| - Eu já não vejo as graças, de que forma Cupido o seu tesouro; Vivos olhos, e faces cor-de-rosa, Com crespos fios de ouro: Meus olhos só vêem graças, e loureiros; Vêem carvalhos, e palmas; Vêem os ramos honrosos, que distinguem As vencedoras almas. Busquemos, ó Musa, Empresa maior; Deixemos as ternas Fadigas do Amor.
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| - Eu já não vejo as graças, de que forma Cupido o seu tesouro; Vivos olhos, e faces cor-de-rosa, Com crespos fios de ouro: Meus olhos só vêem graças, e loureiros; Vêem carvalhos, e palmas; Vêem os ramos honrosos, que distinguem As vencedoras almas. Busquemos, ó Musa, Empresa maior; Deixemos as ternas Fadigas do Amor. Cantemos o herói, que já no berço As serpes despedaça; Que fere os Cacos, que destrona as hidras; Mais os leões, que abraça. Cantemos, se isto é pouco, a dura guerra Dos Titãs, e Tifeus, Que arrancam as montanhas, e atrevidos Levam armas aos Céus. Busquemos, ó Musa, Empresa maior; Deixemos as ternas Fadigas do Amor. Anima pois, ó Musa, o instrumento, Que a voz também levanto, Porém tu deste muito acima o ponto, Dirceu não sobe tanto: Abaixa, minha Musa, o tom, qu'ergueste; Eu já, eu já te sigo. Mas, ah! vou a dizer Herói, e Guerra, E só MARÍLIA digo. Deixemos, ó Musa, Empresa maior; Só posso seguir-te Cantando de Amor. Feres as cordas d'ouro? Ah! Sim, agora Meu canto já se afina: E a humana voz parece que ao som delas Se faz também divina. O mesmo, que cercou de muro a Tebas, Não canta assim tão terno; Nem pode competir comigo aquele, Que desceu ao negro Inferno. Deixemos, ó Musa, Empresa maior; Só posso seguir-te Cantando de Amor. Mal repito MARÍLIA, as doces aves Mostram sinais de espanto; Erguem os colos, voltam as cabeças, Param o ledo canto: Move-se o tronco, o vento se suspende; Pasma o gado, e não come: Quanto podem meus versos! Quanto pode Só de Marília o nome! Deixemos, ó Musa, Empresa maior; Só posso seguir-te Cantando de Amor.
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