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| - Não corres como Safo sem ventura, Em seguimento de um cruel ingrato, Que não cede aos encantos da ternura; Segues um fino amante, Que a perder-te morria. Quebra os grilhões do sangue, e vem, ó Bela; Tu já foste no Sul a minha guia, Ah! deves ser no Norte Também a minha estrela. Verás ao Deus Netuno sossegado, Aplainar c'o tridente as crespas ondas; Ficar como dormindo o mar salgado; Verás, verás, d'alheta Soprar o brando vento; Mover-se o leme, desrinzar-se o linho: Seguirem os delfins o movimento, Que leva na carreira O empavesado pinho.
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abstract
| - Não corres como Safo sem ventura, Em seguimento de um cruel ingrato, Que não cede aos encantos da ternura; Segues um fino amante, Que a perder-te morria. Quebra os grilhões do sangue, e vem, ó Bela; Tu já foste no Sul a minha guia, Ah! deves ser no Norte Também a minha estrela. Verás ao Deus Netuno sossegado, Aplainar c'o tridente as crespas ondas; Ficar como dormindo o mar salgado; Verás, verás, d'alheta Soprar o brando vento; Mover-se o leme, desrinzar-se o linho: Seguirem os delfins o movimento, Que leva na carreira O empavesado pinho. Verás como o Leão na proa arfando Converte em branca espuma as negras ondas, Que atalha, e corta com murmúrio brando; Verás, verás, Marília, Da janela dourada, Que uma comprida estrada representa A linfa cristalina, que pisada Pela popa que foge, Em borbotões rebenta. Bruto peixe verás de corpo imenso Tornar ao torto anzol, depois de o terem Pela rasgada boca ao ar suspenso; Os pequenos peixinhos Quais pássaros voarem; De toninhas verás o mar coalhado, Ora surgirem, ora mergulharem, Fingindo ao longe as ondas, Que forma o vento irado. Verás que o grande monstro se apresenta, Um repuxo formando com as águas, Que ao mar espalha da robusta venta; Verás, enfim, Marília, As nuvens levantadas, Umas de cor azul, ou mais escuras, Outras de cor-de-rosa, ou prateadas, Fazerem no horizonte Mil diversas figuras. Mal chegares à foz do claro Tejo, Apenas ele vir o teu semblante, Dará no leme do baixel um beijo. Eu lhe direi vaidoso: Não trago, não, comigo, Nem pedras de valor, nem montes d'ouro; Roubei as áureas minas, e consigo Trazer para os teus cofres Este maior Tesouro.
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