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| - Choraste?! - E longe não pude Sorver-te a lágrima pura Que banhou-te a formosura! Ouvir-te a voz de alaúde A lamentar-se sentida! Humilde cair-te aos pés, Oferecer-te esta vida No sacrifício mais santo, Para poupar esse pranto Que te rolou sobre a tez! Choraste?! - De envergonhada, No teu pudor ofendida, Porque minh'alma atrevida No seu palácio de fada, - No sonhar da fantasia - Ardeu em loucos desejos, Ousou cobrir-te de beijos E quis manchar-te na orgia! ........................ ........................ ........................ ........................ ........................ Junho - 1858.
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abstract
| - Choraste?! - E longe não pude Sorver-te a lágrima pura Que banhou-te a formosura! Ouvir-te a voz de alaúde A lamentar-se sentida! Humilde cair-te aos pés, Oferecer-te esta vida No sacrifício mais santo, Para poupar esse pranto Que te rolou sobre a tez! Choraste?! - De envergonhada, No teu pudor ofendida, Porque minh'alma atrevida No seu palácio de fada, - No sonhar da fantasia - Ardeu em loucos desejos, Ousou cobrir-te de beijos E quis manchar-te na orgia! ........................ II Perdão p'r'o pobre demente Culpado, sim, - inocente - Que se te amou, foi demais! Perdão p'ra mim que não pude Calar a voz do alaúde, Nem comprimir os meus ais! Perdão oh! flor dos amores, Se quis manchar-te os verdores, Se quis tirar-te do hastil! - Na voz que a paixão resume Tentei sorver-te o perfume... E fui covarde e fui vil!... ........................ III Eu sei, devera sozinho Sofrer comigo o tormento E na dor do pensamento Devorar essa agonia! - Devera, sedento algoz, Em vez de sonhos felizes, Cortar no peito as raízes Desse amor, e tão descrido Dos hinos matar-lhe a voz! - Devera, pobre fingido, Tendo n'alma atroz desgosto, Mostrar sorrisos no rosto, Em vez de mágoas - prazer, E mudo e triste e penando, Como um perdido te amando, Sentir, calar-me e - morrer! ........................ Não pude! - A mente fervia, O coração trasbordava, Interna voz me falava, E louco ouvindo a harmonia Que a alma continha em si, Soltei na febre o meu canto E do delírio no pranto Morri de amores - por ti! ........................ IV Perdão! se fui desvairado Manchar-te a flor d'inocência E do meu canto n'ardência Ferir-te no coração! - Será enorme o pecado, Mas tremenda a expiação Se me deres por sentença Da tua alma a indiferença, Do teu lábio a maldição!... ........................ Perdão, senhora!... Perdão!... Junho - 1858.
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