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  • A Divina Comédia/Inferno/IV
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  • Ergui-me, e, os olhos quietos já volvendo, Perscruto por saber onde me achava, E a tudo no lugar sinistro atendo. A verdade é que então na borda estava Do vale desse abismo doloroso, Donde brado de infindos ais troava. Tão escuro, profundo e nebuloso Era, que a vista lhe inquirindo o fundo, Não distinguia no antro temeroso. “Eia! Baixemos, pois, da treva ao mundo!” — O Poeta então disse-me enfiando — “Eu descerei primeiro, tu segundo”. — Tornei-lhe, a palidez sua notando: “Como hei-de ir, se és de espanto dominado, Quando conforto estou de ti sperando?” — Chegados somos onde luz não brilha.
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  • Inferno — Canto IV
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notas
  • Tradução de José Pedro Xavier Pinheiro
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  • por Dante Alighieri, tradução de José Pedro Xavier Pinheiro
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  • Ergui-me, e, os olhos quietos já volvendo, Perscruto por saber onde me achava, E a tudo no lugar sinistro atendo. A verdade é que então na borda estava Do vale desse abismo doloroso, Donde brado de infindos ais troava. Tão escuro, profundo e nebuloso Era, que a vista lhe inquirindo o fundo, Não distinguia no antro temeroso. “Eia! Baixemos, pois, da treva ao mundo!” — O Poeta então disse-me enfiando — “Eu descerei primeiro, tu segundo”. — Tornei-lhe, a palidez sua notando: “Como hei-de ir, se és de espanto dominado, Quando conforto estou de ti sperando?” — “Dos que lá são o angustioso estado Causa a que vês no rosto meu impressa, Piedade, medo não, como hás cuidado. “Vamos: longa a jornada exige pressa”. Entrou, e eu logo, o círculo primeiro Em que o abismo a estreitar-se já começa, Escutei: não mais pranto lastimeiro Ouvi; suspiros só, que murmuravam, Vibrando do ar eterno o espaço inteiro. Pesares sem martírio os motivavam De varões e de infantes, de mulheres Nas multidões, que ali se apinhoavam. “Conhecer” — meu bom Mestre diz — “não queres Quais são os que assim vês ora sofrendo? Antes de avante andar convém saberes “Que não pecaram: boas obras tendo Acham-se aqui; faltou-lhes o batismo, Portal da fé, em que és ditoso crendo. “Na vida antecedendo o Cristianismo, Devido culto a Deus nunca prestaram: Também sou dos que penam neste abismo. “Por tal defeito — os mais nos não mancharam — Perdemo-nos: a pena é desesp’rança, Desejos, que para sempre se frustaram”. Ouvi-lo, em dor o coração me lança, Pois muitos conheci de alta valia, A quem do Limbo a suspenção alcança. “Ó Mestre! Ó meu Senhor! diz-me — inquiria, Para ter da certeza o firme esteio À fé, que os erros todos desafia, “Por seu merecimento ou pelo alheio Daqui alguém ao céu já tem subido?” Da mente minha ao alvo o Mestre veio, E falou-me: “Des’pouco aqui trazido, Descer súbito vi forte guerreiro; De triunfal coroa era cingido. “Almas levou — do nosso pai primeiro, Abel, Noé, Moisés, que legislara, Abraam, na fé, na obediência inteiro, “Davi, que sobre o povo hebreu reinara, Israel com seu pai e a prole basta, E Raquel, por quem tanto se afanara. “Para a glória outros muitos mais afasta Do Limbo; e sabe tu que antes não fora Salvo quem pertencera à humana casta”. Andávamos, enquanto isto memora, Sem parar, pela selva penetrando, Selva de almas, que aumenta de hora em hora, E da entrada não longe ainda estando, Eis um clarão brilhante divisamos Das trevas o hemisfério alumiando. Dali distantes ainda nos achamos Não tanto, que eu não discernisse em parte Que à sede de almas nobres caminhamos. “Ó tu, que és honra da ciência e da arte, Quem são” — disse — “os que, aos outros preferidos, Privilégio tamanho assim disparte?” Falou Virgílio: “— Assim são distinguidos Do céu, que atende à fama alta e preclara, Com que foram na terra engrandecidos”. Eis voz escuto sonorosa e clara: “Honrai todos o altíssimo poeta! A sombra sua torna, que ausentara”. Quatro sombras notei, quando aquieta O rumor, que a nós vinham: nos semblantes Nem prazer, nem tristeza se interpreta. E disse o Mestre, após alguns instantes: “Aquele vê, que, qual monarca ufano, Empunha espada e os três deixa distantes. É Homero, o poeta soberano; O satírico Horácio é o outro, e ao lado Ovídio, em lugar último Lucano. Como lhes cabe o nome assinalado Que soou nessa voz há pouco ouvida, Me honrando, honrosa ação têm praticado”. A bela escola assim vi reunida Do Mestre egrégio do sublime canto, Águia em seu vôo além dos mais erguida. Discursado entre si tendo algum tanto, A mim volveram gracioso o gesto: Sorriu Virgílio, dessa mostra ao encanto. Mais foi-me alto conceito manifesto, Quando acolher-me ao grêmio seu quiseram, Entre eles me cabendo o lugar sexto. Té o clarão comigo se moveram, Prática havendo, que omitir é belo, Sublime no lugar, onde a teceram. Chegamos junto a um fúlgido castelo Sete vezes de muro alto cercado: Cinge-o ribeiro lindo, mas singelo. Passei-o a pé enxuto; acompanhado Entrei por sete portas, caminhando De fresca relva até ameno prado. Graves, pausados olhos meneando Stavam sombras de aspecto majestoso, Com voz suave rara vez falando. A um lado, sobre viso luminoso Subimo-nos: de lá se divisava Dessas almas o bando numeroso. No verde esmalte o Mestre me indicava Egrégias sombras: inda me extasia O prazer com que vê-los exultava. Eletra vi de heróis na companhia, Enéias com Heitor e guarnecido Grifanhos olhos César nos volvia. Pentesiléia vi e o rosto ardido De Camila, e sentado o rei Latino Junto a Lavinia estava enternecido. Notei Márcia, Lucrécia e o que Tarquino Lançou, Cornélia e Júlia; retirado De todos demorava Saladino. Alçando os olhos, de respeito entrado, O Mestre vejo dos que mais se acimam Em saber, de filósofos cercado. Todos com honra e acatamento o estimam. Aqui Platão e Sócrates estavam, Que na grandeza mais se lhe aproximam. Demócrito, o atomista, acompanhavam Tales, Zeno, Heráclito e Anaxagora. Empédocle e Diógenes falavam, Dióscoris, o que a natura outrora Sábio estudara, Orfeu, Túlio eloqüente, Sêneca, o douto, que a moral explora, Lívio, Euclides, Hipócrates ingente, Ptolomeu, Galeno e o Avicena; Averróis, nos comentos sapiente. Resenha não me é dado fazer plena De todos; longo o assunto está-me urgindo, E a ser omisso muita vez condena. A companhia então se dividindo, Comigo o Mestre outra vereda trilha, Do ar sereno ao ar, que treme, vindo: Chegados somos onde luz não brilha.
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