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  • A Minha Musa
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  • Minha Musa não é como ninfa Que se eleva das águas - gentil - Co'um sorriso nos lábios mimosos, Com requebros, com ar senhoril. Nem lhe pousa nas faces redondas Dos fagueiros anelos a cor; Nesta terra não tem uma esp'rança, Nesta terra não tem um amor. Como fada de meigos encantos, Não habita um palácio encantado, Quer em meio de matas sombrias, Quer à beira do mar levantado. Não tem ela uma senda florida, De perfumes, de flores bem cheia, Onde vague com passos incertos, Quando o céu de luzeiros se arreia. ___________
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  • A Minha Musa
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notas
  • Publicado no livro Primeiros Cantos .
Autor
  • Gonçalves Dias
abstract
  • Minha Musa não é como ninfa Que se eleva das águas - gentil - Co'um sorriso nos lábios mimosos, Com requebros, com ar senhoril. Nem lhe pousa nas faces redondas Dos fagueiros anelos a cor; Nesta terra não tem uma esp'rança, Nesta terra não tem um amor. Como fada de meigos encantos, Não habita um palácio encantado, Quer em meio de matas sombrias, Quer à beira do mar levantado. Não tem ela uma senda florida, De perfumes, de flores bem cheia, Onde vague com passos incertos, Quando o céu de luzeiros se arreia. ___________ Não é como a de Horácio a minha Musa; Nos soberbos alpendres dos Senhores Não é que ela reside; Ao banquete do grande em lauta mesa, Onde gira o falerno em taças d'oiro, Não é que ela preside. Ela ama a solidão, ama o silêncio, Ama o prado florido, a selva umbrosa E da rola o carpir. Ela ama a viração da tarde amena, O sussurro das águas, os acentos De profundo sentir. D'Anacreonte o gênio prazenteiro, Que de flores cingia a fronte calva Em brilhante festim, Tomando inspirações à doce amada, Que leda lh'enflorava a ebúrnea lira; De que me serve, a mim? Canções que a turba nutre, inspira, exalta Nas cordas magoadas me não pousam Da lira de marfim. Correm meus dias, lacrimosos, tristes, Como a noite que estende as negras asas Por céu negro e sem fim. É triste a minha Musa, como é triste O sincero verter d'amargo pranto D'órfã singela; E triste como o som que a brisa espalha, Que cicia nas folhas do arvoredo Por noite bela. É triste como o som que o sino ao longe Vai perder na extensão d'ameno prado Da tarde no cair, Quando nasce o silêncio involto em trevas, Quando os astros derramam sobre a terra Merencório luzir. Ela então, sem destino, erra por vales, Erra por altos montes, onde a enxada Fundo e fundo cavou; E pára; perto, jovial pastora Cantando passa - e ela cisma ainda Depois que esta passou. Além - da choça humilde s'ergue o fumo Que em risonha espiral se eleva às nuvens Da noite entre os vapores; Muge solto o rebanho; e lento o passo, Cantando em voz sonora, porém baixa, Vêm andando os pastores. Outras vezes também, no cemitério, Incerta volve o passo, soletrando Recordações da vida; Roça o negro cipreste, calca o musgo, Que o tempo fez brotar por entre as fendas Da pedra carcomida. Então corre o meu pranto muito e muito Sobre as úmidas cordas da minha Harpa, Que não ressoam; Não choro os mortos, não; choro os meus dias Tão sentidos, tão longos, tão amargos, Que em vão se escoam. Nesse pobre cemitério Quem já me dera um lugar! Esta vida mal vivida Quem já ma dera acabar! Tenho inveja ao pegureiro, Da pastora invejo a vida, Invejo o sono dos mortos Sob a laje carcomida. Se qual pegão tormentoso, O sopro da desventura Vai bater potente à porta De sumida sepultura: Uma voz não lhe responde, Não lhe responde um gemido, Não lhe responde urna prece, Um ai - do peito sentido. Já não têm voz com que falem, Já não têm que padecer; No passar da vida à morte Foi seu extremo sofrer. Que lh'importa a desventura? Ela passou, qual gemido Da brisa em meio da mata De verde alecrim florido. Quem me dera ser como eles! Quem me dera descansar! Nesse pobre cemitério Quem me dera o meu lugar, E co'os sons das Harpas d'anjos Da minha Harpa os sons casar!
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