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| - Quando falo contigo, no meu peito Esquece-me esta dor que me consome: Talvez corre o prazer nas fibras d'alma: E eu ouso ainda murmurar teu nome! Que existência, mulher! se tu souberas A dor de coração do teu amante, E os ais que pela noite, no silêncio, Arquejam no seu peito delirante! E quando sofre e padeceu... e a febre Como seus lábios desbotou na vida... E sua alma cansou na dor convulsa E adormeceu na cinza consumida! Talvez terias dó da mágoa insana Que minh'alma votou ao desalento... E consentirás, ó virgem dos amores, Descansar-me no seio um só momento!
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abstract
| - Quando falo contigo, no meu peito Esquece-me esta dor que me consome: Talvez corre o prazer nas fibras d'alma: E eu ouso ainda murmurar teu nome! Que existência, mulher! se tu souberas A dor de coração do teu amante, E os ais que pela noite, no silêncio, Arquejam no seu peito delirante! E quando sofre e padeceu... e a febre Como seus lábios desbotou na vida... E sua alma cansou na dor convulsa E adormeceu na cinza consumida! Talvez terias dó da mágoa insana Que minh'alma votou ao desalento... E consentirás, ó virgem dos amores, Descansar-me no seio um só momento! Sou um doudo talvez de assim amar-te, De murchar minha vida no delírio... Se nos sonhos de amor nunca tremeste, Sonhando meu amor e meu martírio... E não pude, febril e de joelhos, Com a mente abrasada e consumida, Contar-te as esperanças do meu peito E as doces ilusões de minha vida! Oh! quando eu te fitei, sedento e louco, Teu olhar que meus sonhos alumia, Eu não sei se era vida o que minh'alma Enlevava de amor e adormecia! Oh! nunca em fogo teu ardente seio A meu peito juntei que amor definha! A furto apenas eu senti medrosa Tua gélida mão tremer na minha!... Tem pena, anjo de Deus! deixa que eu sinta Num beijo esta minh'alma enlouquecer E que eu viva de amor nos teus joelhos E morra no teu seio o meu viver! Sou um doudo, meu Deus! mas no meu peito Tu sabes se uma dor, se uma lembrança Não queria calar-se a um beijo dela, Nos seios dessa pálida criança! Se num lânguido olhar no véu de gozo Os olhos de Espanhola a furto abrindo Eu não tremia... o coração ardente No peito exausto remoçar sentindo! Se no momento efêmero e divino Em que a virgem pranteia desmaiando E a c'roa virginal a noiva esfolha, Eu queria a seus pés morrer chorando! Adeus! Rasgou-se a página saudosa Que teu porvir de amor no meu fundia, Gelou-se no meu sangue moribundo Essa gota final de que eu vivia! Adeus, anjo de amor! tu não mentiste! Foi minha essa ilusão e o sonho ardente: Sinto que morrerei... tu, dorme e sonha No amor dos anjos, pálido inocente! Mas um dia... se a nódoa da existência Murchar teu cálix orvalhoso e cheio, Flor que respirei, que amei sonhando, Tem saudade de mim, que eu te pranteio!
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