rdfs:comment
| - Um grande contador, um prodigioso armário, Cheiinho, a barrotar, de cartas memoriaes, Bilhetinhos de amor, recibos, madrigaes, Mais segredos não tem do que eu na mente abrigo. Meu cer'bro faz lembrar descomunal jazigo; Nem a vala comum encerra tanto morto! — Eu sou um cemitério estranho, sem conforto, Onde vermes aos mil — remorsos doloridos, Atacam de pref'rência os meus mortos queridos. Eu sou um toucador, com rosas desbotadas, Onde jazem no chão as modas despresadas, E onde, sós, tristemente, os quadros de Boucher Fuem o doce olor d'um frasco de Gellé.
|
abstract
| - Um grande contador, um prodigioso armário, Cheiinho, a barrotar, de cartas memoriaes, Bilhetinhos de amor, recibos, madrigaes, Mais segredos não tem do que eu na mente abrigo. Meu cer'bro faz lembrar descomunal jazigo; Nem a vala comum encerra tanto morto! — Eu sou um cemitério estranho, sem conforto, Onde vermes aos mil — remorsos doloridos, Atacam de pref'rência os meus mortos queridos. Eu sou um toucador, com rosas desbotadas, Onde jazem no chão as modas despresadas, E onde, sós, tristemente, os quadros de Boucher Fuem o doce olor d'um frasco de Gellé. Nada póde egualar os dias tormentosos Em que, sob a pressão de invernos rigorosos, O Tédio, fruto inf'liz da incuriosidade, Alcança as proporções da Imortalidade. — Desde hoje, não és mais, ó matéria vivente, Do que granito envolto em terror inconsciente. A emergir d'um Saarah movediço, brumoso! Velha esfinge que dorme um sôno misterioso, Esquecida, ignorada, e cuja face fira Só brilha quando o Sol dá a boa-noite ao dia!
|