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| - A vida é um fio negro d'amarguras E de longo sofrer; Semelha a noite; mas fagueiros sonhos Podem de noite haver. Por que então maldiremos este mundo E a vida que vivemos, Se nos tornamos do Senhor mais dignos, Quando mais dor sofremos? Quantos cabelos temos, ele o sabe; Ele pode contar As folhas que há no bosque, os grãos d'areia Que sustentam o mar. Como pois não será ele conosco No dia da aflição? Como não há de computar as dores Do nosso coração? Como há de ver-nos, sem piedade, o rosto Coberto d'amargura; Ele, senhor e pai, conforto e guia Da humana criatura?
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abstract
| - A vida é um fio negro d'amarguras E de longo sofrer; Semelha a noite; mas fagueiros sonhos Podem de noite haver. Por que então maldiremos este mundo E a vida que vivemos, Se nos tornamos do Senhor mais dignos, Quando mais dor sofremos? Quantos cabelos temos, ele o sabe; Ele pode contar As folhas que há no bosque, os grãos d'areia Que sustentam o mar. Como pois não será ele conosco No dia da aflição? Como não há de computar as dores Do nosso coração? Como há de ver-nos, sem piedade, o rosto Coberto d'amargura; Ele, senhor e pai, conforto e guia Da humana criatura? Se o vento sopra, se se move a terra, Se iroso o mar flutua; Se o sol rutila, se as estrelas brilham, Se gira a branca lua; Deus o quis, Deus que mede a intensidade Da dor e da alegria, Que cada ser comporta — num momento D'arroubo ou d'agonia! Embora pois a nossa vida corra Alheia da ventura! Além da terra há céus, e Deus protege A toda criatura! Viajor perdido na floresta à noite, Assim vago na vida; Mas sinto a voz que me dirige os passos E a luz que me convida.
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