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A febre me queima a fronte E dos túmulos a aragem Roçou-me a pálida face; Mas no delírio e na febre Sempre teu rosto contemplo, E serena a tua imagem. Vela à minha cabeceira, Rodeada de poesia, Tão bela como no dia Em que vi-te a vez primeira! Teu riso a febre me acalma; - Ergue-se viva a minh'alma Sorvendo a vida em teus lábios Como o saibo dos licores, E na voz, que é toda amores, Como um bálsamo bendito, Ouvindo-a, eu pobre palpito, Sou feliz e esqueço as dores. ........................ Eu - o filho da poesia - Dormirei no meu sepulcro, Embalado em harmonia Ao som do piano teu! Agosto - 1858.
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Casimiro de Abreu
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A febre me queima a fronte E dos túmulos a aragem Roçou-me a pálida face; Mas no delírio e na febre Sempre teu rosto contemplo, E serena a tua imagem. Vela à minha cabeceira, Rodeada de poesia, Tão bela como no dia Em que vi-te a vez primeira! Teu riso a febre me acalma; - Ergue-se viva a minh'alma Sorvendo a vida em teus lábios Como o saibo dos licores, E na voz, que é toda amores, Como um bálsamo bendito, Ouvindo-a, eu pobre palpito, Sou feliz e esqueço as dores. II Se a morte colher-me em breve, Pede ao vento que te leve O meu suspiro final; - Será queixoso e sentido, Como da rola o gemido Nas moitas do laranjal. Quisera a vida mais longa Se mais longa Deus m'a dera, Porque é linda a primavera, Porque é doce este arrebol, Porque é linda a flor dos anos Banhada da luz do sol! Mas se Deus cortar-me os dias No meio das melodias, Dos sonhos da mocidade, Minh'alma tranqüila e pura À beira da sepultura Sorrirá à eternidade. Tenho pena... sou tão moço! A vida tem tanto enlevo! Oh! que saudades que levo De tudo que eu tanto amei! - Adeus oh! sonhos dourados, Adeus oh! noites formosas, Adeus futuro de rosas Que nos meus sonhos criei! Ao menos, nesse momento Em que o letargo nos vem Na hora do passamento, No suspirar da agonia Terei a fronte já fria No colo de minha mãe! ........................ III Mas eu bendigo estas dores, Mas eu abençôo o leito Que tantas mágoas me dá, Se me jurares, querida, Que meu nome no teu peito Morto embora - viverá! - Que às vezes na cruz singela Tu irás pálida e bela Desfolhar uma saudade! - Que de noite, ao teu piano, Na voz que a paixão desata, Chorarás a - Traviata Que eu dantes amava tanto Nas ânsias do meu amor! - E que darás compassiva Uma gota do teu pranto À memória morta ou viva Do teu pobre sonhador! Bendita, bendita sejas, Se nas notas benfazejas Tua alma falar co'a minha Nessa linguagem do céu Que o pensamento adivinha! Eu - o filho da poesia - Dormirei no meu sepulcro, Embalado em harmonia Ao som do piano teu! IV Que tem a morte de feia?! - Branca virgem dos amores, Toucada de murchas flores, Um longo sono nos traz; E o triste que em dor anseia - Talvez morto de cansaço - Vai dormir no seu regaço Como num claustro de paz! Oh! virgem das sepulturas, Teu beijo mata as venturas Da terra, mas rasga o véu Que a eternidade nos vela; E nós - os filhos do erro - Libertos deste desterro, Vamos comtigo... donzela, No branco leito de pedra, Onde a miséria não medra, Sonhar os sonhos do céu!... Ha tantas rosas nas campas! Tanta rama nos ciprestes! Tanta dor nas brancas vestes! Tanta doçura ao luar! - Que ali o morto poeta Nos seus íntimos segredos, À sombra dos arvoredos Pode viver a sonhar! V Assim, - se amanhã, se logo, Sentires na face amada Passar um sopro de fogo Que te queime o coração, E uma mão fria e gelada Comprimir a tua mão Frisando os cabelos teus; - Não tenhas tu vãos temores, Pois é minh'alma, querida, Que ao desprender-se da vida - Toda saudade e amores - Vai dizer-te o extremo - adeus!... Agosto - 1858.