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Eu sei que normalmente eu escrevo Creepypastas envolvendo "O Incrível Mundo de Gumball", mas eu gostaria de abrir uma exceção nesse artigo. Não tem nada a ver com o programa, mas tem a ver com Paulo (para saber quem é ele, veja as outras creepies que escrevi). Dito isso... Como um amigo bem próximo a ele, eu posso dizer que Paulo é um cara bem criativo, e é desse tipo de gente que você não consegue entender o que se passa na mente dele. Ele acaba traduzindo esses pensamentos em contos, ele adora escrever histórias, ainda que as vezes elas possam não fazer muito sentido (daí vem os episódios que citei nos outros dois artigos). Mas não pensem que ele é um desses "gênios reservados", que adora viver escondido em seu canto, no quarto, sem manter contato com o mundo exterior. Ele apenas evita que o mundo exterior descubra estes "pensamentos", e portanto sente-se seguro em traduzílos em forma de histórias, diz ele. Mas ele nem sempre foi assim, até uns 14 anos ele não tinha nenhum pensamento anormal para alguém da idade dele. Até que um dia, aconteceu. Era uma noite na verdade. Ele estava na casa de um amigo, e se preparava para dormir. Nada de estranho havia acontecido naquele dia, nem naquela semana, ou naquele mês. Então, não havia explicação para ele ter um sonho tão intenso, que desencadeasse nele uma crise de ansiedade que teve que ser tratada com terapia e remédios. É este sonho que eu vou contar agora. Ele sonhava estar viajando de navio com a família, e com os amigos. Estavam lá eu, os pais dele, os tios, amigos de escola, e ele, obviamente. Não havia algum passageiro naquele cruzeiro que não fosse um conhecido de Paulo. Bem, só um. Um homem alto, magro, de cabelo preto e bigode. Ele tinha uma certa semelhança com Freddie Mercury, se serve de alguma ajuda. O sonho transcorria uma maravilha, ele disse que sentia um prazer em viver essa primeira parte do sonho, aquela sensação que você talvez já tenha sentido ao sonhar com algo muito bom. E era algo bom mesmo, Paulo era muito chegado à família, aos amigos, e estar com eles num cruzeiro (ele sempre quis fazer um cruzeiro) era a melhor coisa que poderia acontecer, era, bem... um sonho. Depois de um dia inteiro de diversão, todo mundo vai à seus aposentos, se preparar para dormir. Paulo pensava que ele dividira seu quarto com seus pais, mas ele se espantou ao ver que ele dividira o quarto justo com o homem misterioso. E lá estavam eles, se preparando para dormir, quando o homem começa a conversar com ele. Ele não se lembra bem o que o homem disse, mas foi algo que conseguiu deixar Paulo bem nervoso e preocupado, era como se aquele homem estivesse dizendo que aquele cruzeiro era apenas um sonho. E que Paulo acordaria, e iria perceber que o navio não existe. Mas não era só o navio: seus pais, seus amigos, eu, o homem, seriam todos frutos da imaginação de Paulo, a "vida" dele não havia passado de um sonho, e ele logo iria acordar. Paulo ficou bem preocupado, ele saiu correndo do quarto, com medo, e foi falar com os pais. Ao abrir a cabine, eles não estavam lá. O quarto estava arrumado, como se ninguém estivesse lá, o que não fazia sentido, já que ele VIU os pais entrando na cabine. Aconteceu a mesma coisa com seus amigos, e até mesmo com o homem. Depois de percorrer o navio inteiro, não havia ninguém lá. Só Paulo. Ainda que fotos com pessoas, por exemplo, um cartaz propaganda, ainda mostrassem seres humanos, mas eram apenas fotografias. De repente, caminhando frenético por um corredor do navio, as luzes piscaram forte. Era um brilho tal, que ele achou que fosse ficar cego. Quando o brilho cessou, Paulo já não estava mais no navio. Ele estava agora numa espécie de sala cirúrgica, acorrentado à uma maca. Haviam 3 médicos ao seu lado. No instante em que ele acordou, os médicos olhavam para ele por trás de suas máscaras cirurgicas. Ao retirarem as máscaras, um choque: os doutores eram os pais de Paulo, e o homem do bigode. Os olhos de Paulo, naquele instante, se encheram de alegria, ele viu que seus pais eram de verdade, e queria abraçá-los. Mas, assim que exclamou os seus nomes, os médicos olharam com um ar de dúvida. Eles disseram que não eram os pais dele, e que ele estava confuso. Paulo começou a ficar nervoso de novo. Ele gritava dizendo que ele era o filho daqueles doutores, mas eles simplesmente negavam, dizendo que eles não tinham filhos. Aí, o homem de bigode explicou o que estaria acontecendo: -Ele deve ter assimilado o rosto de vocês dois, pouco antes de iniciarmos o experimento. Acho que enquanto estava em coma, ele sonhava que vocês eram os pais dele, por isso ele está falando esse tipo de coisa. Paulo estava passando pelo pior pesadelo de sua vida, ele não queria que aquilo fosse verdade; não, eles tinham que ser os seus pais! Mas, por mais que ele gritasse, nenhum dos médicos parecia compreender sua dor. Então a "mãe" manda que o "pai" reinicie o experimento, e faça-o entrar em coma de novo. Ela e o homem de bigode abandonam o recinto, enquanto o pai vai mexer numa máquina que havia lá. Paulo gritava o mais alto que podia, mandava que ele não reiniciasse o experimento, mas o médico pouco prestava atenção. Ele se debatia na maca, mal conseguindo se mexer, por causa das correntes, enquanto o médico simplesmente se fixava na máquina. De repente, um barulho. Um pequeno "BIP", que parece que durava séculos, e o médico diz que "a experiência está pronta para recomeçar". Ao apertar um botão, o médico liga a máquina. Paulo vê um soro estranho entrando nele por meio de um tubo enfiado na sua veia. Lentamente o soro entrava, os olhos de Paulo ficavam cansados, eles começava a perder a consciência. A última coisa de que se lembra é de ver o "pai" de costas para ele, ainda olhando para a máquina. De repente, escuro. É como se a mente dele estivesse desligada, e isso pareceu durar uma eternidade. Lentamente, ele via luzes coloridas, que iam tomand forma, até que ele pudesse perceber onde estava. Era o quarto de seu amigo, e era de manhã. Ele havia "acordado" do sonho terrível que teve. Paulo começou a questionar se ele estava de fato vivendo a realidade, ele teve uma profunda depressão e crise de ansiedade. Felizmente ele se recuperou, tomou alguns remédios, fez uma terapia, e hoje ele lida muito bem com esse assunto. Mas ele faz questão de lembrar que as marcas que ele edeixou em sua vida permanecem. Releia esse texto, e coloque-se no lugar de Paulo. Releia mais algumas vezes. O que é real para você?