. "Olavo Bilac"@pt . "A bela sociedade, a sociedade alegre, composta de rapazes e de raparigas, estava reunida em roda da larga mesa da sala de jantar, convertida em mesa de jogo. A velha m\u00E3e das raparigas, a gorda Sra. Manuela Matias, bem sabia que aquelas noitadas de v\u00EDspora e ch\u00E1 lhe custavam os olhos da cara... mas que havia de fazer a Sra. Manuela Matias? \u2014 morrera-lhe o marido, deixando-lhe aquelas seis filhas, e \u2014 com todos os diabos! \u2014 era preciso casar as raparigas, pois n\u00E3o era? E ali estava a boa vi\u00FAva \u00E0 cabeceira da larga mesa da sala de jantar, embrulhada no seu xaile de ramagens, vigiando as filhas, que, ao lado dos namorados, iam cobrindo com os gr\u00E3os amarelos do milho os cart\u00F5es do v\u00EDspora... Cacilda, a mais velha, (vinte anos, dizia ela; vinte e cinco, diziam as m\u00E1s l\u00EDnguas) estava ao lado do louro Eduardo, um janota que, \u00E0s vezes, no flirt inocente com meninas solteiras, descansa das aventuras mais pr\u00E1ticas com as casadas... Juntos, juntinhos, inclinados sobre os cart\u00F5es \u2014 t\u00E3o juntinhos que, de quando em quando, as suas cabe\u00E7as se tocavam e seus h\u00E1litos se confundiam... E os outros pares iam marcando os n\u00FAmeros... E Cacilda e Eduardo \u2014 que caiporismo! \u2014 tinham os cart\u00F5es descobertos, tinham o monte de gr\u00E3os de milho intacto, sobre a toalha da mesa... E a boa senhora Manuela Martins, cochilando, embrulhada no seu bonito xaile de ramagens, presidia \u00E0quele divertimento inocente. Ent\u00E3o? era preciso casar as raparigas, pois n\u00E3o era? De repente, o louro Eduardo deixa escapar da garganta um grito de dor, de ang\u00FAstia, de horror... E, muito p\u00E1lido, o louro Eduardo aperta apressadamente com as m\u00E3os a... barriga, enquanto Cacilda baixa a face inundada de uma onda de rubor. \u2014 Que foi? \u2014 Que foi? \u2014 Que foi? \u2014 Nada... uma dor que me deu... j\u00E1 passou... j\u00E1 passou... Imagem:Separator.jpg E, \u00E0 sa\u00EDda, depois do ch\u00E1, o louro Eduardo confia ao seu amigo Am\u00E9rico o segredo do seu grito. E Am\u00E9rico, entre duas risadas, indaga: \u2014 ... com as unhas? \u2014 Qual com as unhas, filho! com os an\u00E9is! Eu n\u00E3o sei para que \u00E9 que aquela rapariga quer tantos an\u00E9is na m\u00E3o direita! Estou todo arranhado..."@pt . "Os An\u00E9is"@pt . . . "Os An\u00E9is"@pt . . "A bela sociedade, a sociedade alegre, composta de rapazes e de raparigas, estava reunida em roda da larga mesa da sala de jantar, convertida em mesa de jogo. A velha m\u00E3e das raparigas, a gorda Sra. Manuela Matias, bem sabia que aquelas noitadas de v\u00EDspora e ch\u00E1 lhe custavam os olhos da cara... mas que havia de fazer a Sra. Manuela Matias? \u2014 morrera-lhe o marido, deixando-lhe aquelas seis filhas, e \u2014 com todos os diabos! \u2014 era preciso casar as raparigas, pois n\u00E3o era? E ali estava a boa vi\u00FAva \u00E0 cabeceira da larga mesa da sala de jantar, embrulhada no seu xaile de ramagens, vigiando as filhas, que, ao lado dos namorados, iam cobrindo com os gr\u00E3os amarelos do milho os cart\u00F5es do v\u00EDspora..."@pt .