. . "."@pt . . . . "Virgem morta"@pt . . "Virgem morta"@pt . . "L\u00E1 bem na extrema da floresta virgem, Onde na praia em flor o mar suspira... L\u00E1 onde geme a brisa do crep\u00FAsculo E mais poesia o arrebol transpira... Nas horas em que a tarde moribunda As nuvens roxas desmaiando corta, No leito mole da molhada areia Deitem o corpo da beleza morta. Irm\u00E3 chorosa a suspirar desfolhe No seu dormir da laranjeira as flores, Vistam-na de cetim, e o v\u00E9u de noiva Lhe desdobrem da face nos palores. Vagueie em torno, de saudosas virgens Errando \u00E0 noite, a lamentosa turma... E, entre c\u00E2nticos de amor e de saudade, Junto \u00E0s ondas do mar a virgem durma. Imagem:Separator.jpg"@pt . "\u00C1lvares de Azevedo"@pt . . . "L\u00E1 bem na extrema da floresta virgem, Onde na praia em flor o mar suspira... L\u00E1 onde geme a brisa do crep\u00FAsculo E mais poesia o arrebol transpira... Nas horas em que a tarde moribunda As nuvens roxas desmaiando corta, No leito mole da molhada areia Deitem o corpo da beleza morta. Irm\u00E3 chorosa a suspirar desfolhe No seu dormir da laranjeira as flores, Vistam-na de cetim, e o v\u00E9u de noiva Lhe desdobrem da face nos palores. Vagueie em torno, de saudosas virgens Errando \u00E0 noite, a lamentosa turma... E, entre c\u00E2nticos de amor e de saudade, Junto \u00E0s ondas do mar a virgem durma. \u00C0s brisas da saudade solu\u00E7antes A\u00ED, em tarde misteriosa e bela, Entregarei as cordas do ala\u00FAde E irei meus sonhos prantear por ela! Quero eu mesmo de rosa o leito encher-lhe E de amorosos prantos perfum\u00E1-la... E a ess\u00EAncia dos c\u00E2nticos divinos No t\u00FAmulo da virgem derram\u00E1-la. Que importa que ela durma descorada E velasse o palor a cor do pejo? Quero a del\u00EDcia que o amor sonhava Nos l\u00E1bios dela pressentir num beijo. Desbotada coroa do poeta! Foi ela mesma quem prendeu-te flores! Ungiu-as no sacr\u00E1rio de seu peito Inda virgem do alento dos amores!... Na minha fronte riu de ti, passando, Dos sepulcros o vento peregrino... Irei eu mesmo desfolhar-te agora Da fronte dela no palor divino!... E contudo eu sonhava! e pressuroso Da esperan\u00E7a o licor sorvi sedento! Ai! que tudo passou!... s\u00F3 resta agora O sorriso de um anjo macilento! Imagem:Separator.jpg \u00D3 minha amante, minha doce virgem, Eu n\u00E3o te profanei, tu dormes pura: No sono do mist\u00E9rio, qual na vida, Podes sonhar ainda na ventura. Bem cedo, ao menos, eu serei contigo \u2014 Na dor do cora\u00E7\u00E3o a morte leio... Poderei amanh\u00E3, talvez, meus l\u00E1bios Da irm\u00E3 dos anjos encostar no seio... E tu, vida que amei! pelos teus vales Com ela sonharei eternamente... Nas noites junto ao mar e no sil\u00EAncio, Que das notas enchi da lira ardente!... Dorme ali minha paz, minha esperan\u00E7a, Minha sina de amor morreu com ela, E o g\u00EAnio do poeta, lira e\u00F3lia Que tremia ao alento da donzela! Qu'esperan\u00E7as, meu Deus! E o mundo agora Se inunda em tanto sol no c\u00E9u da tarde! Acorda, cora\u00E7\u00E3o!... Mas no meu peito L\u00E1bio de morte murmurou: \u2014 \u00C9 tarde! \u00C9 tarde! e quando o peito estremecia Sentir-me abandonado e moribundo!?... \u00C9 tarde! \u00E9 tarde! \u00F3 ilus\u00F5es da vida, Morreu com ela da esperan\u00E7a o mundo!... No leito virginal de minha noiva Quero, nas sombras do ver\u00E3o da vida, Prantear os meus \u00FAnicos amores, Das minhas noites a vis\u00E3o perdida... Quero ali, ao luar, sentir passando Por alta noite a vira\u00E7\u00E3o marinha, E ouvir, bem junto \u00E0s flores do sepulcro, Os sonhos de su'alma inocentinha. E quando a m\u00E1goa devorar meu peito... E quando eu morra de esperar por ela... Deixai que eu durma ali e que descanse, Na morte ao menos, sobre o seio dela!"@pt .