. "No leito"@pt . . "No leito"@pt . . . "A febre me queima a fronte E dos t\u00FAmulos a aragem Ro\u00E7ou-me a p\u00E1lida face; Mas no del\u00EDrio e na febre Sempre teu rosto contemplo, E serena a tua imagem. Vela \u00E0 minha cabeceira, Rodeada de poesia, T\u00E3o bela como no dia Em que vi-te a vez primeira! Teu riso a febre me acalma; - Ergue-se viva a minh'alma Sorvendo a vida em teus l\u00E1bios Como o saibo dos licores, E na voz, que \u00E9 toda amores, Como um b\u00E1lsamo bendito, Ouvindo-a, eu pobre palpito, Sou feliz e esque\u00E7o as dores. II Se a morte colher-me em breve, Pede ao vento que te leve O meu suspiro final; - Ser\u00E1 queixoso e sentido, Como da rola o gemido Nas moitas do laranjal. Quisera a vida mais longa Se mais longa Deus m'a dera, Porque \u00E9 linda a primavera, Porque \u00E9 doce este arrebol, Porque \u00E9 linda a flor dos anos Banhada da luz do sol! Mas se Deus cortar-me os dias No meio das melodias, Dos sonhos da mocidade, Minh'alma tranq\u00FCila e pura \u00C0 beira da sepultura Sorrir\u00E1 \u00E0 eternidade. Tenho pena... sou t\u00E3o mo\u00E7o! A vida tem tanto enlevo! Oh! que saudades que levo De tudo que eu tanto amei! - Adeus oh! sonhos dourados, Adeus oh! noites formosas, Adeus futuro de rosas Que nos meus sonhos criei! Ao menos, nesse momento Em que o letargo nos vem Na hora do passamento, No suspirar da agonia Terei a fronte j\u00E1 fria No colo de minha m\u00E3e! ........................ III Mas eu bendigo estas dores, Mas eu aben\u00E7\u00F4o o leito Que tantas m\u00E1goas me d\u00E1, Se me jurares, querida, Que meu nome no teu peito Morto embora - viver\u00E1! - Que \u00E0s vezes na cruz singela Tu ir\u00E1s p\u00E1lida e bela Desfolhar uma saudade! - Que de noite, ao teu piano, Na voz que a paix\u00E3o desata, Chorar\u00E1s a - Traviata Que eu dantes amava tanto Nas \u00E2nsias do meu amor! - E que dar\u00E1s compassiva Uma gota do teu pranto \u00C0 mem\u00F3ria morta ou viva Do teu pobre sonhador! Bendita, bendita sejas, Se nas notas benfazejas Tua alma falar co'a minha Nessa linguagem do c\u00E9u Que o pensamento adivinha! Eu - o filho da poesia - Dormirei no meu sepulcro, Embalado em harmonia Ao som do piano teu! IV Que tem a morte de feia?! - Branca virgem dos amores, Toucada de murchas flores, Um longo sono nos traz; E o triste que em dor anseia - Talvez morto de cansa\u00E7o - Vai dormir no seu rega\u00E7o Como num claustro de paz! Oh! virgem das sepulturas, Teu beijo mata as venturas Da terra, mas rasga o v\u00E9u Que a eternidade nos vela; E n\u00F3s - os filhos do erro - Libertos deste desterro, Vamos comtigo... donzela, No branco leito de pedra, Onde a mis\u00E9ria n\u00E3o medra, Sonhar os sonhos do c\u00E9u!... Ha tantas rosas nas campas! Tanta rama nos ciprestes! Tanta dor nas brancas vestes! Tanta do\u00E7ura ao luar! - Que ali o morto poeta Nos seus \u00EDntimos segredos, \u00C0 sombra dos arvoredos Pode viver a sonhar! V Assim, - se amanh\u00E3, se logo, Sentires na face amada Passar um sopro de fogo Que te queime o cora\u00E7\u00E3o, E uma m\u00E3o fria e gelada Comprimir a tua m\u00E3o Frisando os cabelos teus; - N\u00E3o tenhas tu v\u00E3os temores, Pois \u00E9 minh'alma, querida, Que ao desprender-se da vida - Toda saudade e amores - Vai dizer-te o extremo - adeus!... Agosto - 1858."@pt . "Casimiro de Abreu"@pt . "A febre me queima a fronte E dos t\u00FAmulos a aragem Ro\u00E7ou-me a p\u00E1lida face; Mas no del\u00EDrio e na febre Sempre teu rosto contemplo, E serena a tua imagem. Vela \u00E0 minha cabeceira, Rodeada de poesia, T\u00E3o bela como no dia Em que vi-te a vez primeira! Teu riso a febre me acalma; - Ergue-se viva a minh'alma Sorvendo a vida em teus l\u00E1bios Como o saibo dos licores, E na voz, que \u00E9 toda amores, Como um b\u00E1lsamo bendito, Ouvindo-a, eu pobre palpito, Sou feliz e esque\u00E7o as dores. ........................ Eu - o filho da poesia - Dormirei no meu sepulcro, Embalado em harmonia Ao som do piano teu! Agosto - 1858."@pt .