"Ser real quer dizer n\u00E3o estar dentro de mim. Da minha pessoa de dentro n\u00E3o tenho no\u00E7\u00E3o de realidade. Sei que o mundo existe, mas n\u00E3o sei se existo. Estou mais certo da exist\u00EAncia da minha casa branca Do que da exist\u00EAncia interior do dono da casa branca. Creio mais no meu corpo do que na minha alma, Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade. Podendo ser visto por outros, Podendo tocar em outros, Podendo sentar-se e estar de p\u00E9, Mas a minha alma s\u00F3 pode ser definida por termos de fora. Existe para mim \u2014 nos momentos em que julgo que efetivamente existe \u2014"@pt . "Seja o que for que esteja no centro do Mundo"@pt . . . . "Ser real quer dizer n\u00E3o estar dentro de mim. Da minha pessoa de dentro n\u00E3o tenho no\u00E7\u00E3o de realidade. Sei que o mundo existe, mas n\u00E3o sei se existo. Estou mais certo da exist\u00EAncia da minha casa branca Do que da exist\u00EAncia interior do dono da casa branca. Creio mais no meu corpo do que na minha alma, Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade. Podendo ser visto por outros, Podendo tocar em outros, Podendo sentar-se e estar de p\u00E9, Mas a minha alma s\u00F3 pode ser definida por termos de fora. Existe para mim \u2014 nos momentos em que julgo que efetivamente existe \u2014 Por um empr\u00E9stimo da realidade exterior do Mundo Se a alma \u00E9 mais real Que o mundo exterior como tu, fil\u00F3sofos, dizes, Para que \u00E9 que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade\" Se \u00E9 mais certo eu sentir Do que existir a cousa que sinto \u2014 Para que sinto E para que surge essa cousa independentemente de mim Sem precisar de mim para existir, E eu sempre ligado a mim-pr\u00F3prio, sempre pessoal e intransmiss\u00EDvel? Para que me movo com os outros Em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos Se por acaso esse mundo \u00E9 o erro e eu \u00E9 que estou certo? Se o Mundo \u00E9 um erro, \u00E9 um erro de toda a gente. E cada um de n\u00F3s \u00E9 o erro de cada um de n\u00F3s apenas. Cousa por cousa, o Mundo \u00E9 mais certo. Mas por que me interrogo, sen\u00E3o porque estou doente? Nos dias certos; nos dias exteriores da minha vida, Nos meus dias de perfeita lucidez natural, Sinto sem sentir que sinto, Vejo sem saber que vejo, E nunca o Universo \u00E9 t\u00E3o real como ent\u00E3o, Nunca o Universo est\u00E1 (n\u00E3o \u00E9 perto ou longe de mim. Mas) t\u00E3o sublimemente n\u00E3o-meu. Quando digo \"\u00E9 evidente\", quero acaso dizer \"s\u00F3 eu \u00E9 que o vejo\"? Quando digo \"\u00E9 verdade\", quero acaso dizer \"\u00E9 minha opini\u00E3o\"? Quando digo \"ali est\u00E1\", quero acaso dizer \"n\u00E3o est\u00E1 ali\"? E se isto \u00E9 assim na vida, por que ser\u00E1 diferente na filosofia? Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos, E o primeiro fato merece ao menos a preced\u00EAncia e o culto. Sim, antes de sermos interior somos exterior. Por isso somos exterior essencialmente. Dizes, fil\u00F3sofo doente, fil\u00F3sofo enfim, que isto \u00E9 materialismo. Mas isto como pode ser materialismo, se materialismo \u00E9 uma ilosofia, Se uma filosofia seria, pelo menos sendo minha, uma filosofia minha, E isto nem sequer \u00E9 meu, nem sequer sou eu?"@pt . . "Alberto Caeiro"@pt . "Seja o que for que esteja no centro do Mundo"@pt . . .